A Revolução de 25 de Abril, também conhecida como Revolução dos Cravos, Revolução de Abril[1] ou apenas por 25 de Abril,[2] refere-se a um evento da história de Portugal resultante do movimento político e social, ocorrido a 25 de abril de 1974, que depôs o regime ditatorial do Estado Novo,[3] vigente desde 1933,[4] e que iniciou um processo que viria a terminar com a implantação de um regime democrático e com a entrada em vigor da nova Constituição a 25 de abril de 1976, marcada por forte orientação socialista.[5][6][7]

Factos rápidos Período, Local ...
Revolução dos Cravos
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Populares em festa num carro de combate, em Lisboa
Período 25 abril 1974; há 50 anos
Local  Portugal
Causas
Características Golpe de estado, revolução não violenta
Resultado
Participantes do conflito
MFA Estado Novo
Líderes
Baixas
4 civis mortos pela PIDE
Fechar

Esta ação foi liderada por um movimento militar, o Movimento das Forças Armadas (MFA), composto na sua maior parte por capitães[8] que tinham participado na Guerra Colonial e que tiveram o apoio de oficiais milicianos.[1][9] Este movimento surgiu por volta de 1973, baseando-se inicialmente em reivindicações corporativistas como a luta pelo prestígio das forças armadas,[10] acabando por atingir o regime político em vigor.[11] Com reduzido poderio militar e com uma adesão em massa da população ao movimento, a reação do regime foi praticamente inexistente e infrutífera, registando-se apenas quatro civis mortos e quarenta e cinco feridos em Lisboa, atingidos pelas balas da DGS.[12]

O movimento confiou a direção do país à Junta de Salvação Nacional, que assumiu os poderes dos órgãos do Estado.[13] A 15 de maio de 1974, o General António de Spínola foi nomeado Presidente da República. O cargo de primeiro-ministro seria atribuído a Adelino da Palma Carlos.[14] Seguiu-se um período de grande agitação social, política e militar conhecido como o PREC (Processo Revolucionário em Curso), marcado por manifestações, ocupações, governos provisórios, nacionalizações[15] e confrontos militares que terminaram com o 25 de novembro de 1975.[16][17]

Estabilizada a conjuntura política, prosseguiram os trabalhos da Assembleia Constituinte para a nova constituição democrática, que entrou em vigor no dia 25 de abril de 1976, o mesmo dia das primeiras eleições legislativas da nova República. Na sequência destes eventos foi instituído em Portugal um feriado nacional no dia 25 de abril, denominado como "Dia da Liberdade".

Contexto

Estado Novo

Na sequência do golpe militar de 28 de maio de 1926, foi instaurada em Portugal uma ditadura militar que culminaria na eleição presidencial de Óscar Carmona em 1928. Foi durante o mandato presidencial de Carmona, período que se designou por "Ditadura Nacional", que foi elaborada a Constituição de 1933 e instituído um novo regime autoritário-ditatorial de inspiração fascista — "o Estado Novo".[18][19] António de Oliveira Salazar passou então a controlar o país através do partido único designado por "União Nacional", ficando no poder até lhe ter sido retirado por incapacidade em 1968, na sequência de uma queda de uma cadeira em que sofreu lesões cerebrais. Foi substituído por Marcello Caetano,[20] que pôs em prática a Primavera Marcelista e dirigiu o país até ser deposto no dia 25 de abril de 1974.

Durante o Estado Novo, Portugal foi sempre considerado como um país governado por uma ditadura[21][22] pela oposição ao regime,[23] pelos observadores estrangeiros e até mesmo pelos próprios dirigentes do regime. Durante o Estado Novo existiam eleições, que não eram universais e eram consideradas fraudulentas pela oposição.

O Estado Novo tinha como polícia política a PIDE (Polícia Internacional de Defesa do Estado), versão renovada da PVDE (Polícia de Vigilância e Defesa do Estado), que mais tarde foi reconvertida na DGS (Direcção-Geral de Segurança). A polícia política do regime, que recebeu formação da Gestapo e da CIA, tinha como objectivo censurar e controlar tanto a oposição como a opinião pública em Portugal e nas colónias.[24]

Na visão histórica dos ideólogos do regime, o país teria de manter uma política de defesa, de manutenção do ultramar, numa época em que os países europeus iniciavam os seus processos de descolonização progressiva. Apesar de séria contestação nos fóruns mundiais, como na ONU, Portugal manteve a sua política irredentista, endurecendo-a a partir do início dos anos 1960, face ao alastramento dos movimentos independentistas em Angola, na Guiné e em Moçambique.[3]

Economicamente, o regime manteve uma política de condicionamento industrial que protegia certos monopólios e certos grupos industriais e financeiros (a acusação de plutocracia é frequente). O país permaneceu pobre até à década de 1960, sendo consequência disso um significativo acréscimo da emigração.[25] Contudo, é durante a década de 60 que se notam sinais de desenvolvimento económico com a adesão de Portugal à EFTA.[26]

O mito do "orgulhosamente sós"

A Guerra do Ultramar, um dos precedentes para a revolução.

No início da década de setenta mantinha-se vivo o ideário salazarista.[27] Continuavam os ideólogos do regime a alimentar o mito do «orgulhosamente sós»,[28] coisa que todos entendiam, num país periférico[29][30] marcado pelo isolamento rural: estar ali e ter-se orgulho nisso eram valores, algo merecedor de respeito. Mesmo em plena Primavera Marcelista, Marcello Caetano, que sucedeu a Salazar no início da década (em 1970, ano da morte do ditador), não destoa. Sentindo o mesmo, age a seu modo, governa em isolamento, faz o que pode, mas um dia virá em que já nada pode fazer.

Qualquer tentativa de reforma política era impedida pela própria inércia do regime e pelo poder da sua polícia política (PIDE).[31] Nos finais de década de 1960, o regime exilava-se, envelhecido, num ocidente de países em plena efervescência social e intelectual. Em Portugal cultivam-se outros ideais: defender o Império pela força das armas. O contexto internacional[32] era cada vez mais desfavorável ao regime salazarista/marcelista. No auge da Guerra Fria, as nações dos blocos capitalista e comunista começavam a apoiar e financiar as guerrilhas das colónias portuguesas, numa tentativa de as atrair para a influência americana ou soviética. A intransigência do regime e mesmo o desejo de muitos colonos de continuarem sob o domínio português atrasaram o processo de descolonização: no caso de Angola e Moçambique, um atraso forçado de quase 20 anos.

A guerra colonial

Ver artigo principal: Guerra Colonial Portuguesa

Portugal mantinha laços fortes e duradouros com as suas colónias africanas,[33][34] quer como mercado para os produtos manufaturados portugueses quer como produtoras de matérias-primas para a indústria portuguesa. Muitos portugueses viam a existência de um império colonial como necessária para o país ter poder e influência contínuos. Mas o peso da guerra, o contexto político e os interesses estratégicos de certas potências estrangeiras inviabilizariam essa ideia.[35][36]

Apesar das constantes objeções em fóruns internacionais, como a ONU, Portugal mantinha as colónias[37] considerando-as parte integral de Portugal e defendendo-as militarmente. O problema surge com a ocupação unilateral e forçada dos enclaves portugueses de Goa, Damão e Diu, em 1961.

Em quase todas as colónias portuguesas africanas — Moçambique, Angola, Guiné, São Tomé e Príncipe e Cabo Verde — surgiam entretanto movimentos independentistas, que acabariam por se manifestar sob a forma de guerrilhas armadas. Estas guerrilhas não foram facilmente contidas, tendo conseguido controlar uma parte importante do território, apesar da presença de um grande número de tropas portuguesas que, mais tarde, seriam em parte significativa recrutadas nas próprias colónias.

Os vários conflitos[38] forçavam Salazar e o seu sucessor Caetano a gastar uma grande parte do orçamento do Estado na administração colonial e nas despesas militares. A administração das colónias custava a Portugal um pesado aumento percentual anual no seu orçamento e tal contribuiu para o empobrecimento da economia portuguesa: o dinheiro era desviado de investimentos infraestruturais na metrópole. Até 1960 o país continuou relativamente frágil em termos económicos, o que aumentou a emigração para países em rápido crescimento e de escassa mão de obra da Europa Ocidental, como França ou Alemanha. O processo iniciava-se no fim da Segunda Guerra Mundial.[25][39]

O estado do país

A economia cresceu bastante, em particular no início da década de 1950. Economicamente, o regime mantinha a sua política de Corporativismo, o que resultou na concentração da economia portuguesa nas mãos de uma elite de industriais.[26] A informação circulava e a oposição bulia.[40][41] A guerra colonial tornava-se tema forte de discussão e era assunto de eleição para as forças antirregime. Portugal estava muito isolado do resto do mundo. Muitos estudantes e opositores viam-se forçados a abandonar o país para escapar à guerra, à prisão e à tortura.

Anos 1970

Em fevereiro de 1974, Marcello Caetano é forçado pela velha guarda do regime a destituir o general António de Spínola e os seus apoiantes. Tentava este, com ideias de índole federalista tornadas célebres num livro publicado pelo próprio intitulado Portugal e o Futuro[42] (em que também afirmava a impossibilidade de vencer militarmente a Guerra do Ultramar), modificar o curso da política colonial portuguesa, que se revelava demasiado dispendiosa.

Conhecidas as divisões existentes no seio da elite do regime, o MFA decide levar adiante um golpe de estado. O movimento nasce secretamente em 1973. Nele estão envolvidos certos oficiais do exército que já conspiravam.[carece de fontes?]

Revolução dos Cravos

Prelúdio

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Monumento em Grândola.

A primeira reunião clandestina de capitães foi realizada em Bissau, em 21 de agosto de 1973. Uma nova reunião, em 9 de setembro de 1973 no Monte Sobral (Alcáçovas), dá origem ao Movimento das Forças Armadas. No dia 5 de março de 1974 é aprovado o primeiro documento do movimento: Os Militares, as Forças Armadas e a Nação,[43] que é posto a circular clandestinamente. No dia 14 de março o governo demite os generais Spínola e Costa Gomes dos cargos de Vice-Chefe e Chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas, alegadamente por estes se terem recusado a participar numa cerimónia de apoio ao regime. No entanto, a verdadeira causa da expulsão dos dois Generais foi o facto de o primeiro ter escrito, com a cobertura do segundo, um livro, Portugal e o Futuro, no qual, pela primeira vez, uma alta patente advogava a necessidade de uma solução política para as revoltas separatistas nas colónias e não uma solução militar.

No dia 24 de março, a última reunião clandestina dos capitães revoltosos decide o derrube do regime pela força. Prossegue a movimentação secreta dos capitães até ao dia 25 de abril.[44] A mudança de regime acaba por ser feita por acção armada.[45]

25 de abril de 1974

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«Viva a Liberdade», pintura mural

No dia 24 de abril de 1974, um grupo de militares comandados por Otelo Saraiva de Carvalho instala secretamente o posto de comando do movimento golpista no quartel da Pontinha, em Lisboa. Às 22h55m é transmitida a canção E depois do Adeus, de Paulo de Carvalho, pelos Emissores Associados de Lisboa, emitida por João Paulo Diniz. Este é um dos sinais previamente combinados pelos golpistas, que desencadeia a tomada de posições da primeira fase do golpe de estado. O segundo sinal é dado à 00h20m, quando a canção Grândola, Vila Morena de Zeca Afonso é transmitida pelo programa Limite, da Rádio Renascença,[46][47] que confirma o golpe e marca o início das operações. O locutor de serviço nessa emissão é Leite de Vasconcelos, jornalista e poeta moçambicano. Ao contrário de E Depois do Adeus, que era muito popular por ter vencido o Festival RTP da Canção, Grândola, Vila Morena fora ilegalizada, pois, segundo o governo, fazia alusão ao comunismo.[48]

O golpe militar do dia 25 de abril tem a colaboração de vários regimentos militares que desenvolvem uma ação concertada. No Norte, uma força do CICA 1 liderada pelo Tenente-Coronel Carlos de Azeredo toma o Quartel-General da Região Militar do Porto. Estas forças são reforçadas por forças vindas de Lamego. Forças do BC9 de Viana do Castelo tomam o Aeroporto de Pedras Rubras. Forças do CIOE tomam a RTP e o RCP no Porto. O regime reage, e o ministro da Defesa ordena a forças sediadas em Braga para avançarem sobre o Porto, no que não é obedecido, dado que estas já tinham aderido ao golpe.

À Escola Prática de Cavalaria, que parte de Santarém, cabe o papel mais importante: a ocupação do Terreiro do Paço. As forças da Escola Prática de Cavalaria são comandadas pelo então Capitão Salgueiro Maia. O Terreiro do Paço é ocupado às primeiras horas da manhã. Salgueiro Maia move, mais tarde, parte das suas forças para o Quartel do Carmo onde se encontra o chefe do governo, Marcello Caetano, que ao final do dia se rende, exigindo, contudo, que o poder seja entregue ao General António de Spínola, que não fazia parte do MFA, para que o "poder não caísse na rua". Marcello Caetano parte, depois, para a Madeira, rumo ao exílio no Brasil.

No rescaldo dos confrontos morrem quatro pessoas, quando elementos da polícia política (PIDE/DGS) disparam sobre um grupo que se manifesta à porta das suas instalações na Rua António Maria Cardoso, em Lisboa.[49]

Rescaldo

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Mural na Chamusca, com uma dedicatória ao 25 de Abril.

No dia 26 de abril, forma-se a Junta de Salvação Nacional,[50][51][52] constituída por militares encabeçados por António Spínola, que dará início a um governo de transição.[44] O essencial do programa do MFA - documento redigido por figuras como Ernesto Melo Antunes, Vasco Gonçalves e Vítor Alves - é, em síntese, resumido no programa dos três Ds: Democratizar, Descolonizar, Desenvolver.[nota 1][53]

Entre as medidas imediatas da revolução, conta-se a extinção da polícia política (PIDE/DGS) e da Censura.[54] Os sindicatos livres e os partidos são legalizados. No dia seguinte, a 26 de abril, são libertados presos políticos da Prisão de Caxias[55] e de Peniche.[carece de fontes?] Os líderes políticos da oposição no exílio voltam ao país nos dias seguintes.[56] Passada uma semana, o 1.º de maio é celebrado em plena liberdade nas ruas, pela primeira vez em muitos anos. Em Lisboa junta-se cerca de um milhão de pessoas.[carece de fontes?]

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Manifestação do 25 de Abril de 1983 na cidade do Porto[carece de fontes?]

Portugal passará por um período conturbado de cerca de dois anos, comummente designado por Processo Revolucionário em Curso (PREC), em que se confrontam facções de esquerda e direita, por vezes com violência. Em 1975, verificam-se duas tentativas de golpe de estado por facções opostas, a primeira a 11 de Março e a seguinte em 25 de Novembro, intercaladas pelo Verão Quente, período com violência manifestando-se sobretudo em ações organizadas no Norte. São nacionalizadas grandes empresas, "saneados" quadros importantes e levadas ao exílio personalidades identificadas com o Estado Novo, gente que não partilha da visão política que a revolução prescreve. Consumam-se várias conquistas da revolução. Acabada a guerra colonial, durante o PREC as colónias africanas e de Timor-Leste tornam-se independentes.[57]

Finalmente, na efeméride do dia 25 de abril de 1975, têm lugar as primeiras eleições livres, para a Assembleia Constituinte, ganhas em grande medida pelo PS.[58] Na sequência dos trabalhos desta assembleia é elaborada uma nova Constituição, de forte pendor socialista, e estabelecida uma democracia parlamentar de tipo ocidental.[59] A constituição é aprovada a 2 de abril de 1976 pela maioria dos deputados, abstendo-se apenas o CDS.[60] Marca-se assim o fim do Processo Revolucionário em Curso e segue um período de estabilização política.

Após as primeiras eleições legislativas livres, decorridas na segunda efeméride da revolução, forma-se então o I Governo Constitucional de Portugal,[58] chefiado por Mário Soares, a 23 de julho de 1976. Ganha as presidenciais de 27 de junho de 1976 o general Ramalho Eanes[nota 2], candidato independente, embora com o apoio dos partidos da esquerda moderada, do centro-direita e do Conselho da Revolução que presidia. A principal vitória de Ramalho seria contra o candidato oponente Otelo Saraiva de Carvalho[nota 3].

Legado

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Em 25 de Abril de 1999, 25 anos após o 25 de Abril de 1974 é inaugurada a praça 25 de Abril em Lisboa
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Pintura mural, onde se lê É preciso salvar Abril
Coro da Casa da Achada e populares cantam canção Grândola, Vila Morena, de Zeca Afonso, em 25 de abril de 2023, em Lisboa

A Revolução dos Cravos continua a dividir a sociedade portuguesa,[61][falta página] sobretudo nos estratos mais velhos da população que viveram os acontecimentos, nas facções extremas do espectro político e nas pessoas politicamente mais empenhadas. A análise que se segue refere-se apenas às divisões entre estes estratos sociais.

Extremam-se entre eles os pontos de vista dominantes na sociedade portuguesa em relação ao 25 de abril. Quase todos reconhecem, de uma forma ou de outra, que a revolução de abril representou um grande salto no desenvolvimento político-social do país.[62][63]

À esquerda, pensa-se que o espírito inicial da revolução se perdeu. O PCP lamenta que não se tenha ido mais longe[64] e que muitas das chamadas "conquistas da revolução" se tenham perdido. Os sectores mais conservadores de direita tendem a lamentar o que se passou, incluindo a forma como a descolonização foi feita. A direita lamenta as nacionalizações[65] no período imediato ao 25 de abril de 1974, afirmando que a revolução agravou o crescimento de uma economia já então fraca.[66] A esquerda defende que a o agravamento da situação económica do país é consequente de medidas então programadas que não foram aplicadas ou que foram desfeitas[67] pelos governos posteriores a 1975.[68][69]

Cravo

O cravo vermelho tornou-se o símbolo indissolúvel da Revolução de Abril de 1974. Celeste Caeiro, que trabalhava num restaurante na Rua Braamcamp de Lisboa, tendo o restaurante permanecido encerrado pelos acontecimentos, transportava pelas ruas um ramo de cravos brancos e vermelhos nas mãos. Um soldado pediu-lhe um cigarro, mas ela só tinha flores e decidiu então iniciar a distribuição dos cravos aos soldados, que logo os colocaram nos canos das suas armas. Mais tarde as floristas da Baixa continuaram a replicar o gesto.[70] Por esta razão este dia também ficou conhecido como "Revolução dos Cravos".[71][72][73][74]

Representações na Cultura

Cinema

Documentários

  • As Armas e o Povo — (Portugal, 1975), p/b 16/35 mm, 80 min, filme colectivo que retrata a primeira semana de revolução, cobrindo os acontecimentos do 25 de Abril ao 1º de Maio de 1974.
  • Continuar a Viver ou Os Índios da Meia-Praia — (Portugal, 1976), documentário histórico de António da Cunha Telles, misto de filme etnográfico e de cinema militante, sobre a comunidade piscatória do Algarve da Meia-Praia.
  • Cravos de Abril — (Portugal, 1976), documentário histórico, p/b e cor 16 mm, 28 min, de Ricardo Costa, retratando os eventos desde o 25 de abril até ao 1º de maio.
  • 25 Avril (Portugal, 25 Avril) — Filme de Jacques Comets e do Collectif Unicité, 1974, 55 min., p/b.
  • Setúbal, ville rouge (França/Portugal, 1975), documentário histórico (em português e francês), p/b e cor 16 mm, 93 min, de Daniel Edinger, retratando a organização do poder popular em Setúbal em outubro 1975.[75]
  • Deus, Pátria, Autoridade (Portugal, 1975), documentário histórico de Rui Simões
  • Scenes from the Class Struggle in Portugal (Cenas da Luta de Classes em Portugal, EUA/Portugal 1977), 16mm, p/b e cor, 85 min, de Robert Kramer.[76]
  • Torre Bela — (Portugal, 1977), documentário histórico de Thomas Harlan
  • Bom Povo Português (Portugal, 1981), documentário histórico de Rui Simões
  • Outro País (Portugal, 2000), documentário de Sérgio Tréfaut, sobre a Revolução do ponto de vista cinematográfico.
  • 25 de Abril - Uma Aventura para a Democracia (Portugal, 2000), documentário experimental de Edgar Pêra
  • Cartas a Uma Ditadura (Portugal, 2006), documentário dirigido e narrado por Inês de Medeiros
  • 48 (Portugal, 2009), documentário de Susana Sousa Dias[77]
  • Linha Vermelha (Portugal, 2011), documentário de José Filipe Costa[78]
  • Estética, Propaganda e Utopia no Portugal do 25 de Abril (Portugal, 2014), documentário de Paulo Seabra[79]
  • O Meu Outro País (Portugal, 2014), documentário de Solveig Nordlund[80]

Ficção

Televisão

  • A Hora da Liberdade — ficção documental da SIC, 1999[84]
  • Mulheres de Abril — série da RTP1, 2014[85][86]
  • 25 minutos de uma Revolução — documentário do canal História, 2017
  • Salgueiro Maia - Rumo à Eternidade — documentário da RTP1, 2019[87]
  • Mulheres na Resistência — série documental da RTP2, 2020[88]
  • Exílios no Feminino — série documental da RTP2, 2022[89]
  • O Rochedo e a Onda — minissérie da RTP2, 2023[90]
  • 25 Curiosidades, 25 de Abril — programa infanto-juvenil da RTP2, 2024[91]
  • De Pé Sobre a História: O Mundo do Trabalho — série documental da RTP2, 2024[92]
  • A Conspiração — série documental da RTP1, 2024[93]
  • Os Olhos da Revolução — documentário da RTP1, 2024[94]
  • Viva a Democracia - 50 Anos e o Futuro — documentário da RTP1, 2024[95]

A par do cinema, também a televisão tirou partido das novas liberdades, noticiando sem censura, registando em filme, em entrevistas e documentários momentos históricos, fazendo de um país em ebulição retratos vivos.

A Revolução dos Cravos foi amplamente coberta, além da RTP, por várias televisões estrangeiras, logo após ter sido notícia de interesse internacional. As primeiras imagens do 25 de Abril foram divulgadas na televisão alemã (ver Cravos de Abril). As televisões que mais deram cobertura aos acontecimentos foram as cadeias alemãs (ARD e ZDF) e, no final do PREC, com o Verão Quente, a norte-americana CBS, com a qual Ricardo Costa também colaborou.

A televisão alemã, em particular a ARD, canal oficial, foi a que mais filmou, tendo reunido documentação muito completa dos principais eventos políticos e históricos da época. O correspondente estrangeiro então mais ativo nessa época, quer em Lisboa quer em Madrid (onde foi instalado um estúdio), foi o alemão Horst Hano, que algum tempo depois daria larga cobertura à agonia do regime franquista.

Uma grande parte da produção da ARD nessa época não consta em arquivo, o mesmo sucedendo com a CBS, o que leva a temer que a maior parte desse património se encontre perdido.

Literatura

Livros

Contos infantis

Poesia

Peças de teatro

Ensaio

Músicas

Ver também

Notas

  1. Parte do programa será contenciosa entre a maioria do MFA e António Spínola, não participante do 25 de Abril mas convidado para encabeçar governo pelos membros do MFA, general que será apoiado pela minoria mais conservadora. A divergência levará ao planeamento da manifestação da "maioria silenciosa", e depois à autoria spinolista do Golpe de 11 de Março de 1975.
  2. Militar em Angola no 25 de Abril, tendo aderido ao Movimento das Forças Armadas extemporaneamente.
  3. Capitão de Abril, então popular militar vermelho que viria a co-autorar o Projecto Global/FP-25 em reação aos insucessos eleitorais e insatisfação com o rumo da democracia.

Referências

  1. Cf. a entrada em BARRETO, António; MÓNICA, Maria Filomena. Dicionário de História de Portugal. Lisboa, Livraria Figueirinhas, 2000, vol 9, pg. 250 e seguintes. ISBN 972-661-167-9.
  2. As eleições no Estado Novo – Resenha de Ana Sofia Ferreira na Revista da Faculdade de Letras, História, Porto, III Série, vol. 7, 2006, pp. 197-212 Centenário
  3. Texto Arquivado em 11 de abril de 2015, no Wayback Machine. de José Dias em homenagem ao 25 de Abril (25 de Abril de 2014)
  4. Cf. Lei n.º 1/74, de 25 de abril.
  5. O 25 de Abril e as nacionalizações Arquivado em 15 de maio de 2013, no Wayback Machine. – Artigo de Sérgio Ribeiro Jornal Avante
  6. 25 de NOVEMBRO- QUANTOS GOLPES AFINAL? – Artigo de Maria Manuela Cruzeiro no Centro de Documentação 25 de Abril
  7. Portugal Salazarista Arquivado em 23 de dezembro de 2010, no Wayback Machine. em Sapo – Ditaduras Arquivado em 29 de setembro de 2011, no Wayback Machine.
  8. A extrema-esquerda e as eleições de 69 – Post de Miguel Cardina em Caminhos da Memória, 10 de novembro de 2009
  9. A repressão política de Salazar e a revista de economia - artigo de Ulpiano Nascimento, Nº 1715, Primavera 2011
  10. Legiões de camponeses deixaram, nos anos 60, o mundo rural e emigraram para as cidades ou para o estrangeiro – Artigo de Gouveia de Albuquerque no Diário de Notícias de 1 maio de 2004
  11. Ideologia, economia e política: a questão colonial na implantação do Estado Novo - Valentim Alexandre Análise Social, vol.xxviii (123-124), 1993
  12. “Salazar e a Política Económica do Estado Novo” Arquivado em 27 de setembro de 2013, no Wayback Machine. - Revista Lusíada. História, Série II, Número 4, pp. 339-364, Lisboa, Universidade Lusíada
  13. Início do fim do império colonial começou há 50 anos – Artigo de Helena Teixeira no Jornal de Notícias, 6 de fevereiro de 2011
  14. Arquivado em 26 de dezembro de 2011, no Wayback Machine. A luta pela libertação nacional na Guiné-Bissau e a revolução em Portugal – Artigo de John Woollacott, Análise Social, vol. xix (77-78-79), 1983
  15. Guerra Colonial Arquivado em 12 de março de 2015, no Wayback Machine. no SAPO
  16. Movimento Democrático para a Libertação de Portugal (1975) Arquivado em 16 de abril de 2015, no Wayback Machine. - referência ao golpe reaccionário liderado por Spínola (CEPP)
  17. Os movimentos de libertação face à perspectiva de uma Revolução em Portugal ainda nos anos 60 – Artigo de Julião Soares Sousa em no Centro de Documentação 25 de Abril (Universidade de Coimbra)
  18. Companhia de Caçadores 4241 - RELATÓRIO DE 25 DE ABRIL DE 1974 Arquivado em 13 de outubro de 2011, no Wayback Machine. (de 18 a 27 de abril) do capitão Luís Pessoa (em Associação 25 de Abril)
  19. Textos jornalísticos na pág. da Universidade de Coimbra
  20. Cronologia pulsar da revolução (Centro de Documentação 25 de Abril)
  21. Cronologia pulsar da revolução (Centro de Documentação 25 de Abril)
  22. 25 de Abril: Uma revolução ao comando dos microfones – artigo de Marta Portocarrero, Universidade do Porto, 22 de abril, 2012
  23. «O programa do MFA». Descolonização Portuguesa. Consultado em 16 de setembro de 2024
  24. Os Livros e a Censura em Portugal Arquivado em 5 de março de 2007, no Wayback Machine. – Artigo de José Brandão em Vidas Lusófonas Arquivado em 11 de junho de 2004, no Wayback Machine.
  25. A minha passagem por Caxias: como a CIA ensinou os portugueses a torturar – Artigo de Christopher Reed (jornal London Guardian) em Resistir
  26. Descolonização portuguesa teve conivência dos EUA – Notícia na pág. da TVI a 31 de Dezembro de 2010
  27. «The transition to democracy in Spain, Portugal and Greece: Thirty years after» Arquivado em 28 de março de 2012, no Wayback Machine., conferência organizada pela Konstantinos G. Karamanlis Foundation, Grécia, 22 maio de 2005
  28. A Revolução de Abril 20 Anos Depois – Artigo de Álvaro Cunhal, fevereiro de 1994
  29. Breve experiência de socialismo em Portugal: o sector das empresas estatais – Artigo de Eric N. Baklanoff na Análise Social, vol. xxxi (138), 1996 (4.°)
  30. Celeste dos Cravos, consultado em 24 de abril de 2023
  31. Celeste dos Cravos, 48 anos depois…, consultado em 24 de abril de 2023
  32. EFE, RTVE es / (25 de abril de 2014). «Celeste Caeiro, la mujer cuyos claveles dieron nombre a la Revolución que cambió Portugal». RTVE.es (em espanhol). Consultado em 24 de abril de 2023
  33. «Celeste dos Cravos, 48 anos depois». www.exercito.pt. Consultado em 24 de abril de 2023
  34. Scenes from the Class Struggle in Portugal, artigo de Jaime Pena, Cinema Comparat/ive Cinema · Vol. III · no. 6. · 2015 · 35-38, RACO
  35. «48». PÚBLICO (em inglês). Consultado em 25 de abril de 2024
  36. «Linha Vermelha | José Filipe Costa». josefilipecosta.com. Consultado em 25 de abril de 2024
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Bibliografia

Leitura adicional

Ligações externas

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