Loading AI tools
ditador da Itália de 1922 a 1943 Da Wikipédia, a enciclopédia livre
Benito Amilcare Andrea Mussolini (Predappio, 29 de julho de 1883 – Mezzegra, 28 de abril de 1945) foi um político italiano que liderou o Partido Nacional Fascista e é creditado como sendo uma das figuras-chave na criação do fascismo. Tornou-se o primeiro-ministro da Itália em 1922 e começou a usar o título Il Duce desde 1925, onde abandonou qualquer estética democrática do seu governo e estabeleceu sua ditadura totalitária. Após 1936, seu título oficial era "Sua Excelência Benito Mussolini, Chefe de Governo, Duce do Fascismo e Fundador do Império".[3] Mussolini também criou e sustentou a patente militar suprema de Primeiro Marechal do Império, junto com o rei Vítor Emanuel III da Itália, quem deu-lhe o título, tendo controle supremo sobre as forças armadas da Itália. Mussolini permaneceu no poder até ser substituído em 1943; por um curto período, até a sua morte, ele foi o líder da República Social Italiana.
Mussolini foi o fundador do fascismo,[4] que incluía elementos de nacionalismo, corporativismo, capitalismo monopolista,[5] sindicalismo nacional, expansionismo, progresso social, colaboração de classes,[6] antiliberalismo, anticomunismo e oposição ao capitalismo liberal,[6] se opondo também às ideias de luta de classes e do materialismo histórico,[7] utilizando-se da censura de subversivos e maciça propaganda do Estado e culto à personalidade em volta do líder.[8] Nos anos seguintes à criação da ideologia fascista, Mussolini conquistou a admiração de uma grande variedade de figuras políticas.[9]
Entre suas realizações nacionais de 1924 a 1939 destacam-se os seus programas de obras públicas como a drenagem das áreas pantanosas da região do Agro Pontino[10] e o melhoramento das oportunidades de trabalho e transporte público. Mussolini também resolveu a Questão Romana ao concluir o Tratado de Latrão entre o Reino de Itália e a Santa Sé. Ele também é creditado por garantir o sucesso econômico nas colônias italianas e dependências comerciais.[11] Embora inicialmente tenha favorecido o lado da França contra a Alemanha no início da década de 1930, Mussolini tornou-se uma das figuras principais das potências do Eixo e, em 10 de junho de 1940, inseriu a Itália na Segunda Guerra Mundial ao lado dos alemães. Três anos depois, foi deposto pelo Grande Conselho do Fascismo, motivado pela invasão aliada. Logo depois de preso, Mussolini foi resgatado da prisão no Gran Sasso por forças especiais alemãs.
Após seu resgate, Mussolini chefiou a República Social Italiana nas partes da Itália que não haviam sido ocupadas por forças aliadas. Ao final de abril de 1945, com a derrota total aparente, tentou fugir para a Suíça, porém, foi rapidamente capturado e sumariamente executado próximo ao lago de Como por partigiani italianos. A morte de Mussolini é polêmica e suspeita-se do envolvimento de agentes britânicos no processo. Seu corpo foi então trazido para Milão onde foi pendurado de cabeça para baixo em uma estação petrolífera para exibição pública e a confirmação de sua morte.
Benito Mussolini nasceu em Dovia di Predappio, uma pequena cidade da província de Forlì na região da Emilia-Romagna que em tempos fascistas seria chamada de “município do Duce" e Forlì de "cidade do Duce", em 1883. Seus pais eram o ferreiro e ativista anarquista Alessandro Mussolini[12] e sua mãe era Rosa Mussolini (nascida Maltoni), que era professora e católica devota.[13] O nome "Benito Amilcare Andrea" foi decidido por seu pai, que estava ansioso para prestar homenagem à memória de Benito Juárez, líder revolucionário e ex-presidente do México, enquanto seus outros nomes, Amilcare e Andrea, eram dos socialistas italianos Amilcare Cipriani e Andrea Costa,[14] o último fundador do Partido Socialista Revolucionário da Romagna. Benito era o mais velho de seus dois irmãos, seguido por Arnaldo e depois, Edvige.
Quando criança, Mussolini teria passado um tempo ajudando seu pai na ferraria.[15] Foi lá que ele foi exposto às crenças políticas de seu pai. Alessandro era um socialista e republicano, mas também sustentava algumas visões nacionalistas, especialmente no que diz respeito aos italianos que viviam sob o governo do Império Austro-Húngaro.[15] O conflito entre seus pais sobre religião fez com que, diferente da maioria dos italianos, Mussolini não fosse batizado no nascimento, embora sua mãe fizesse isso mais tarde.[16] No entanto, em compromisso com sua mãe, ele foi enviado para a escola salesiana de Faenza, onde estudou entre 1892 e 1894, antes estudou em Dovia e depois em Predappio entre 1889 e 1891. Porém, Mussolini era rebelde e foi rapidamente expulso após uma série de incidentes relacionados ao seu comportamento, incluindo atirar pedras na congregação após uma missa, e por participar de uma luta em que feriu seu colega de classe sênior com uma faca.[15] Mussolini estava infeliz em Faenza pelos castigos corporais sofridos pelos frades salesianos pela má observância das regras, vivendo por isso com raiva e frustração.[17] Além disso, a condição da família era modesta: seu pai, apesar de ter o próprio negócio, vivia na periferia de sua comunidade local devido às suas opiniões políticas; sua mãe, que ensinava crianças na escola primária no Palazzo Varano, ganhava salários insuficientes para compensar a perda de renda do marido.[18] Mussolini viu seu tempo no internato religioso como um castigo, comparou a experiência ao inferno e "certa vez se recusou a ir à missa matinal e teve de ser arrastado até lá à força".[19]
Com a ajuda de sua mãe, ele continuou os estudos na Escola Real Secular de Homens Carducci em Forlimpopoli, onde obteve em setembro de 1898 a licença técnica inferior. A partir de outubro daquele ano, devido a um confronto com outro aluno, foi obrigado a frequentar como externo (apenas em 1901 foi readmitido como internato).[20] Em Forlimpopoli, também pela influência de seu pai (que foi um revolucionário socialista que idolatrava figuras de nacionalistas italianos com tendências humanistas do século XIX, como Carlo Pisacane, Giuseppe Mazzini e Giuseppe Garibaldi[21] e anarquistas como Carlo Cafiero e Mikhail Bakunin),[22] Mussolini aproximou-se do socialismo militante e ficou conhecido pelos comícios noturnos e em 1900 ingressou no Partido Socialista Italiano.[23]
Em 8 de julho de 1901, obteve o diploma de professor de escola primária do mesmo instituto em Forlimpopoli.[13][14] Mais tarde candidatou-se a leccionar em vários municípios sem conseguir obter sucesso. Em Predappio propôs-se como “auxiliar substituto” do secretário municipal, tendo seu pedido sido indeferido.[24]
Ele começou a lecionar na escola primária em Pieve Saliceto, o primeiro município italiano a ser administrado por um socialista.[25] Em 1902, no aniversário da morte de Garibaldi, Benito Mussolini fez um discurso público em louvor ao republicano nacionalista.[22]
Em 1902, Mussolini emigrou para a Suíça, com o objetivo de evitar o serviço militar.[12] Ele trabalhou brevemente em Genebra como um pedreiro, no entanto, foi incapaz de encontrar um emprego profissional permanente no país. Na Suíça, adquiriu um conhecimento prático de francês e alemão.
Durante este tempo, estudou as ideias do filósofo Friedrich Nietzsche, o sociólogo Vilfredo Pareto, e o sindicalista revolucionário Georges Sorel. Sobre Sorel, Mussolini declarou: "O que eu sou, eu devo à Sorel".[26] Mussolini, mais tarde, viria a creditar o marxista Charles Péguy e o sindicalista Hubert Lagardelle como algumas de suas influências.[27] A ênfase de Sorel sobre a necessidade de derrubar a democracia liberal e o capitalismo pelo uso da violência, ação direta, greve geral, e o uso do neo-maquiavelismo apelando à emoção impressionou Mussolini profundamente.[12] Durante esse período, juntou-se a pedreiros e trabalhadores sindicais, dos quais mais tarde se tornou secretário da união dos trabalhadores italianos em Lausanne, e em 2 de agosto de 1902 publicou seu primeiro artigo no L'Avvenire del Lavoratore, o jornal dos socialistas suíços.[28]
Em 1903, foi preso pela polícia bernense pela sua defesa de uma greve geral violenta; passou duas semanas preso, foi deportado à Itália, liberto lá, e retornou à Suíça. Em 1904, após ter sido encarcerado novamente em Lausanne, por falsificação de documentos, retornou à Itália, tirando proveito de uma anistia por deserção a qual ele havia sido condenado in absentia.[29] Foi protegido por alguns socialistas e anarquistas do cantão do Ticino, incluindo Giacinto Menotti Serrati e Angélica Balabanoff, com quem iniciou uma relação amorosa. Na Suíça, Mussolini colaborou com revistas locais de inspiração socialista e enviou correspondência ao jornal milanês l'Avanguardia socialista. Além disso, publicaria um soneto ao revolucionário francês François Babeuf no qual escreveria: "Babeuf ainda sorri, o futuro em que sua Ideia se tornará realidade passou diante de seus olhos moribundos".[30] Mussolini desenvolveria uma atitude anticlerical e se declarou ateu.[2] Ele desafiaria Deus para provar sua existência e considerou Jesus como ignorante e louco, consideraria a religião uma forma de doença mental que merecia tratamento psiquiátrico e acusou o cristianismo de promover resignação e covardia.[31] Mussolini publicaria seu primeiro livro, um tratado ateísta intitulado Homem e Divindade: Deus Não Existe no qual proclamava: "Fiel, o Anticristo nasceu".[32]
Posteriormente, voluntariou-se ao serviço militar no Exército Italiano sendo designado em 30 de dezembro de 1904 para o 10º Regimento Bersaglieri de Verona. Ele pôde voltar para casa de licença para ajudar sua mãe moribunda (19 de janeiro de 1905). Ele então retomou o serviço militar, alcançando finalmente uma declaração de boa conduta para comportamento disciplinado.[33] Na Suíça, ele deixou o cargo de correspondente do jornal italiano l'Avanguardia socialista; esta posição foi atribuída ao jovem socialista Luigi Zappelli.[34]
As experiências de Mussolini nas prisões o tornariam claustrofóbico.[35]
Mussolini retornou a Dovia di Predappio em 4 de setembro de 1906. Pouco depois, foi lecionar em Tolmezzo, onde obteve uma posição substituta de 15 de novembro até o final do ano letivo. O período no município de Friulia foi difícil: com os alunos mostrou-se incapaz de manter a ordem e o anticlericalismo e a linguagem mal falada atraiu as aversões da população local.[36] Mussolini se considerava um intelectual e era considerado um homem culto. Ele leu ansiosamente; Seus favoritos na filosofia europeia incluíam o futurista italiano Filippo Tomasso Marinetti, o socialista francês Gustave Hervé, o anarquista italiano Errico Malatesta e os filósofos alemães Friedrich Engels e Karl Marx, os fundadores do marxismo,[37] também traduziu trechos de Nietzsche, Schopenhauer e Kant. Como um admirador de Nietzsche, segundo Denis Mack Smith, "ele encontrou justificativa para sua cruzada contra as virtudes cristãs da humildade, resignação, caridade e bondade" ao valorizar o conceito de super-homem.[38] Além disso, Mussolini tinha interesse na obra de Gustave Le Bon,[39] Victor Hugo[40] e no estudo do Renascimento italiano.[41]
Em 16 de novembro de 1907, Mussolini obteve a habilitação para lecionar a língua francesa e em 11 de março de 1908 foi designado professor de francês no Colégio Cívico de Oneglia, na Ligúria, onde também lecionou italiano, história e geografia.[42] Em Oneglia conseguiu seu primeiro endereço em um jornal, o semanário socialista La Lima. Em seus artigos, o novo diretor atacou as instituições políticas e religiosas, acusando o governo de Giovanni Giolitti e a Igreja de defender os interesses do capitalismo contra o proletariado. Para evitar problemas ele assinou com o pseudônimo "Vero Eretico". O jornal despertou grande interesse e Mussolini entendeu que o jornalismo eversivo poderia ser uma ferramenta política.[43]
De volta a Predappio, ele assumiu a greve dos camponeses. Em 18 de julho de 1908, ele foi preso por ameaçar um líder de organizações patronais. Ele foi condenado a três meses de prisão, mas em 30 de julho foi libertado sob fiança.[44] Em setembro do mesmo ano, ele foi novamente preso por dez dias por realizar um comício não autorizado em Meldola.
Em novembro mudou-se para Forlì, onde viveu em um quarto alugado, junto com seu pai viúvo, que entretanto abriu o restaurante Il bersagliere com sua companheira Anna Lombardi. Nesse período, Mussolini publicou o artigo La filosofia della forza em Pagine libere (revista do sindicalismo revolucionário publicada em Lugano e dirigida por Angelo Oliviero Olivetti), no qual se referia ao pensamento de Nietzsche. Em 6 de fevereiro de 1909, Mussolini deixou a Itália mais uma vez, desta vez para assumir o cargo de secretário do partido trabalhista da cidade de Trento, que na época estava sob o controle do Império Austro-Húngaro, mas onde o idioma predominante era o italiano. Também trabalhou para o partido socialista local, e editou seu jornal L'Avvenire del Lavoratore (O Futuro do Trabalhador, em tradução livre). No dia 7 de março daquele ano, ele se tornou o protagonista de um breve confronto jornalístico com Alcide De Gasperi, diretor do jornal católico Il Trentino.
Em 10 de setembro de 1909, Mussolini foi preso em Rovereto sob a acusação, da qual foi posteriormente absolvido, de divulgar jornais apreendidos e incitar à violência contra o Império Habsburgo. No dia 26, entretanto, ele foi expulso da Áustria e retornou a Forlì.[45] Os eventos em Trentino, entretanto, deram a Mussolini considerável notoriedade na Itália, empurraram-no mais para a ação política e marcaram o início da transição de uma perspectiva socialista e internacionalista para posições marcadamente nacionalistas.
Nesse mesmo ano, Mussolini conheceu Ida Dalser em Trento ou em Milão (não há informação correta sobre o local). Os dois começaram um relacionamento e, posteriormente, ela empenhou suas jóias e vendeu seu salão de beleza para ajudar Mussolini, que era então um jornalista de esquerda, estabelecer seu próprio jornal. Há relatos que eles teriam se casado em 1914, fato jamais comprovado, e em 1915 nasceu seu filho, Benito Albino Mussolini. Ele reconheceu legalmente seu filho em 11 de janeiro de 1916, a conselho de Margherita Sarfatti.[46] Com a sua posterior ascensão política a informação sobre seu primeiro casamento foi suprimida, e tanto sua primeira esposa, Ida Dalser, como seu filho foram posteriormente perseguidos e enviados para o hospício, onde viriam a morrer.[47][48]
A partir de janeiro de 1910, tornou-se secretário da Federação Socialista de Forlì e dirigiu seu jornal oficial L'idea socialista, um semanário de quatro páginas (rebatizado de Lotta di classe (A Luta de Classes, em tradução livre) pelo próprio Mussolini). O jornal Lotta di Classe teria uma postura editorial anticristã.[49] Em 17 de janeiro, Mussolini começou a morar com Rachele Guidi, sua futura esposa, em um apartamento mobiliado na Via Merenda nº 1. Ele também começou a colaborar com a revista socialista Soffitta. Durante esses anos de Forlì, decidiu também ter aulas de violino com o maestro Archimede Montanelli.[50] Entre as obras preferidas de Mussolini estão: La Follia di Corelli, sonatas de Beethoven, composições de Veracini, Vivaldi, Bach, Granados, Fauré e Ranzato.[51]
Durante este período, escreveu vários ensaios sobre a literatura alemã, algumas histórias, e um romance: L'amante del Cardinale: Claudia Particella, romanzo storico (A Amante do Cardeal, tradução livre). Este romance foi co-escrito com Santi Corvaja, e publicado como um livro de série no jornal de Trento Il Popolo. Ele foi lançado de 20 de janeiro a 11 de maio de 1910.[52] O romance foi amargamente anticlerical, e anos depois, foi retirado de circulação, somente após Mussolini dar trégua ao Vaticano.[12]
Como representante da federação Forlì, Mussolini participou do XI Congresso Socialista de Milão (1910). Em 11 de abril de 1911, a seção socialista de Forlì liderada por Mussolini votou pela autonomia do Partido Socialista Italiano. Em maio do mesmo ano, a prestigiosa revista literária La Voce, editada por Giuseppe Prezzolini, publicou seu ensaio Il Trentino veduto da un Socialista (O Trentino visto por um Socialista, em tradução livre),[53] composto pelas notas escritas por Mussolini durante 1909.[54]
Em Forlì, Mussolini conheceu Pietro Nenni, então secretário da nova Câmara do Trabalho Republicana, nascida após a divisão entre republicanos e socialistas. No início os dois, apesar de vizinhos, eram adversários, depois tornaram-se amigos. Em setembro de 1911, junto com Pietro Nenni, participou de uma manifestação, liderada pelos socialistas, contra a Guerra Ítalo-Turca na Líbia. Ele amargamente denunciou a estratégia, que classificou como "guerra imperialista", da Itália de capturar a capital da Líbia, Tripoli, uma ação que lhe valeu um período de cinco meses na prisão.[55] Naquela época, propondo o internacionalismo proletário, Mussolini declarava: “A bandeira nacional é para nós um pano para plantar em um monturo”.[56]
Após sua libertação, em um banquete de boas-vindas, Olindo Vernocchi declarou: "A partir de hoje você, Benito, não é apenas o representante dos socialistas da Romagna, mas Il Duce de todos os socialistas revolucionários da Itália".[57] Mais tarde, em 1912, Mussolini, junto com Angelica Balabanoff,[56] ajudou a expulsar do partido socialista dois 'revisionistas' que apoiaram a guerra, Ivanoe Bonomi e Leonida Bissolati. A acusação foi: "uma ofensa gravíssima ao espírito da doutrina e à tradição socialista".[58] Lenin, escrevendo no jornal Pravda, registrou sua aprovação: "O partido do proletariado socialista italiano tomou o caminho certo ao remover os sindicalistas de direita e reformistas de suas fileiras".[59] Em seguida, Mussolini se juntou à liderança nacional do partido e mais tarde colaborou com Folla, o jornal de Paolo Valera, assinando-se sob o pseudônimo de "L'homme qui cherche".
Graças aos acontecimentos de 1912 e às suas qualidades como orador brilhante, foi promovido à editoria do jornal do Partido Socialista, Avanti!. Sob sua liderança, a circulação do jornal passou rapidamente de 20 000 para 100 000.[60] Em um banquete realizado em sua homenagem em Forlì em 1912, enquanto celebrava sua nova missão como editor-chefe do Avanti!, seus camaradas disseram: "Ele é nosso Duce há três anos".[61] O número de adeptos no Partido Socialista Italiano cresceu. Os adeptos começaram a se chamar de "Mussoliniani", incluindo Antonio Gramsci e Amadeo Bordiga.[62] Nessas circunstâncias, Mussolini conhece Margherita Sarfatti, uma intelectual judia que se tornaria sua amante.[46] Numa carta a Margherita Sarfatti, Mussolini diria:[46]
Formar a unidade espiritual dos italianos, criar a alma italiana é uma magnífica missão. Meu pai não me deixou nenhum bem, mas eu herdei dele um tesouro: a ideologia socialista. Juro permanecer fiel a este ideal até meu último dia de vida.
Mussolini cortejou a anarquista Leda Rafanelli. As cartas que Mussolini lhe enviou foram recolhidas por Rafanelli no livro Uma mulher e Mussolini.[63] Segundo Nichollas Ferrel, Mussolini teria numerosas amantes entre suas simpatizantes.[64] Mussolini foi descrito como uma pessoa obcecada com sexo. A sua forma de ter relações sexuais tem sido descrita como sendo equivalente a uma violação. As mulheres foram seleccionadas de entre as suas admiradoras que lhe enviaram cartas.[65] Quinto Navarra, seu mordomo, contou um total de 7665 mulheres com as quais Mussolini teve relações sexuais.[66]
Nas eleições políticas de 1913 (o primeiro turno ocorreu em 26 de outubro) Mussolini concorreu, no colégio de Forlì, como candidato socialista à Câmara dos Deputados, mas foi derrotado por Giuseppe Gaudenzi, um republicano (tradicionalmente, os republicanos eram muito fortes em Forlì). No mês seguinte (novembro de 1913) fundou seu próprio jornal,[67] Utopia. Rivista Quindicinale del Socialismo Rivoluzionario Italiano,[68] que dirigiu até a eclosão da Primeira Guerra Mundial e sobre o qual pôde exprimir todas as suas opiniões, mesmo as contrárias à linha oficial do Partido Socialista Italiano. O objetivo da revista era elaborar "uma revisão do socialismo em um sentido revolucionário" necessária após o "fracasso do reformismo político" e a "crise dos sistemas filosóficos positivistas". Ne