Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia
Organização paramilitar de inspiração comunista, autoproclamada guerrilha revolucionária marxista-leninista / De Wikipedia, a enciclopédia encyclopedia
Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia — Exército do Povo[12] (em castelhano: Fuerzas Armadas Revolucionarias de Colombia–Ejército del Pueblo), também conhecidas pelo acrônimo FARC ou FARC-EP, foi uma organização paramilitar de inspiração comunista, autoproclamada guerrilha revolucionária marxista-leninista, que operava mediante táticas de guerrilha. Lutaram pela implantação do socialismo na Colômbia[13] e defendiam o direito dos presos colombianos.[14] Existia uma intensa cooperação entre a Exército de Libertação Nacional (ELN) e as FARC.[15] As FARC eram consideradas uma organização terrorista pelo governo da Colômbia, pelo governo dos Estados Unidos,[16] Canadá[17] e pela União Europeia.[18][19] Os governos de Equador,[20] Brasil,[21] Argentina[22] e Chile[22] não lhes aplicaram esta classificação e o governo da Bolívia não chegou a dar nenhuma posição oficial, porém o ministro das relações exteriores da Bolívia, David Choquehuanca, chegou a dizer que o mais importante era trabalhar para ajudar a garantir a paz na Colômbia e na região.[23] O presidente Hugo Chávez rejeitou publicamente esta classificação em janeiro de 2008, e apelou à Colômbia, como outros governos, a um reconhecimento diplomático das guerrilhas enquanto "força beligerante", argumentando que elas estariam assim obrigadas a renunciarem a sequestro e atos de terror a fim de respeitarem as Convenções de Genebra.[24][25] Cuba e Venezuela adotam o termo "insurgentes" para as FARC.[26]
Esta página ou seção foi marcada para revisão devido a incoerências ou dados de confiabilidade duvidosa. (Janeiro de 2014) |
Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia | |
---|---|
Datas das operações | 27 de maio de 1964 - 27 de junho de 2017[1] (grupo de dissidentes continua operando na Colômbia)[2] |
Líder(es) | Manuel Marulanda Vélez †[3] Raúl Reyes †[4] Iván Ríos †[5] Alfonso Cano †[6] Timoleón Jiménez[7] |
Motivos | Fundação de um estado socialista colombiano |
Área de atividade | Colômbia Peru Venezuela (2017) Brasil[8] Argentina Paraguai América Central |
Ideologia | Extrema-esquerda (historicamente) Marxismo-leninismo Nacionalismo de esquerda Socialismo revolucionário Guevarismo Foquismo Bolivarianismo[9][10] |
Tamanho | 7 000 – 10 000 (2013)[11] |
A origem das FARC remonta as disputas entre liberais e conservadores na Colômbia, retratadas pela obra de Gabriel García Márquez, "Cem Anos de Solidão", marcada por massacres, como o período da La Violencia. Em 1948, os liberais, com apoio dos comunistas, iniciam uma guerra civil contra o governo conservador. Após 16 anos de luta guerrilheira e a conquista de algumas reivindicações políticas, os liberais passaram a temer que a experiência cubana de 1959 se repetisse na Colômbia. Rompem com a esquerda e passam para o lado conservador. Ao longo da história do grupo guerrilheiro, o Partido Comunista Colombiano teve relações mais próximas ou mais distantes com as FARC. Enquanto originaram-se como um puro movimento de guerrilha, a organização já na década de 1980 foi acusada de se envolver no tráfico ilícito de entorpecentes,[27] o que provocou a separação formal do Partido Comunista e a formação de uma estrutura política chamada Partido Comunista Colombiano Clandestino.[28]
As FARC-EP se definiam como um movimento guerrilheiro paramilitar. Segundo estimativas do governo colombiano, as FARC, no seu auge, chegaram a possuir entre 6 000 e 16 000 membros, perto de 2001[29] (aproximadamente 20% a 30% deles são recrutas com menos de 18 anos de idade[30]). Outras estimativas disponíveis avaliavam em mais de 18 000 guerrilheiros, números que as próprias FARC afirmaram em 2007 numa entrevista com Raul Reyes.[31] As FARC-EP tinham presença armada em 15-20% do território colombiano, principalmente nas selvas do sudeste e nas planícies localizadas na base da Cordilheira dos Andes.[32] Segundo informações do Departamento de Estado dos Estados Unidos, as FARC controlam a maior parte do refino e distribuição de cocaína dentro da Colômbia, sendo responsável por boa parte do suprimento mundial de cocaína e pelo tráfico dessa droga para os Estados Unidos.[33]
Em junho de 2016, as FARC assinaram um acordo de cessar-fogo junto ao presidente da Colômbia, Juan Manoel Santos, em Havana. Embora o acordo de paz final exigirá um referendo, o acordo tem sido visto como um passo histórico para acabar com a guerra que já dura há cinquenta anos.[34] Em 25 de agosto de 2016, o presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, anunciou que quatro anos de negociação já garantiu um acordo de paz com as FARC e que o referendo nacional será no dia 2 de outubro.[35] O referendo falhou com 50,24% de votos contra.[36] Apesar do resultado, o líder das FARC e o presidente colombiano continuaram a assinar o tratado de paz.[37] Pelos esforços, o presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, recebeu o Prêmio de Nobel da Paz de 2016.[38] Segundo a ONU, as FARC e o ELN são responsáveis por 12% das mortes de civis no conflito armado na Colômbia, com 80% cometidos por milícias paramilitares de extrema-direita, e os restantes 8% cometidos por forças de segurança.[39] No final de 2016, as FARC anunciaram que teriam abandonado a luta armada, nos termos do cessar fogo firmado com o governo colombiano. Em 27 de junho de 2017, seu braço armado oficialmente deixou de existir, seus membros foram dispersados e suas armas de fogo entregues às Nações Unidas. Um mês mais tarde, eles se reformaram em um partido político, a Força Alternativa Revolucionária do Comum, a fim de conseguir poder de forma legal na Colômbia.[40] Atualmente se contabiliza que 40% da sua militância é feminina.[41] Desde o cessar das armas, sob o acordo de paz, 1/3 dos ex combatentes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia retomaram as armas.[42]