Matrix
filme de 1999 dirigido por Lilly e Lana Wachowski / De Wikipedia, a enciclopédia encyclopedia
The Matrix (bra/prt: Matrix)[4][5] é um filme australo-estadunidense de 1999, dos gêneros ação e ficção científica, dirigido e escrito por Lilly e Lana Wachowski. Estrelado por Keanu Reeves, Laurence Fishburne e Carrie-Anne Moss, o filme retrata um futuro ciberpunk distópico no qual a realidade, como percebida pela maioria dos humanos, é, na verdade, uma realidade simulada por computador chamada "Matrix", criada por máquinas sencientes (evolução da inteligência artifical) para subjugar a população humana na forma de hibernação, enquanto o calor e a atividade elétrica de seus corpos são usados como fonte de energia;[7] na história, o cibercriminoso e programador de computador Neo descobre este fato e é atraído para uma rebelião contra as máquinas, que envolve outras pessoas que foram libertadas do "mundo dos sonhos".
Matrix | |||||||
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The Matrix | |||||||
Pôster original de divulgação. | |||||||
Estados Unidos • Austrália[1][2][3] 1999 • cor • 136 min | |||||||
Género | ação, ficção científica | ||||||
Direção | Lilly Wachowski Lana Wachowski | ||||||
Produção | Joel Silver | ||||||
Roteiro | Lilly Wachowski Lana Wachowski | ||||||
Elenco | Keanu Reeves Laurence Fishburne Carrie-Anne Moss Hugo Weaving Joe Pantoliano | ||||||
Música | Don Davis | ||||||
Diretor de fotografia | Bill Pope | ||||||
Direção de arte | Hugh Bateup Michelle McGahey | ||||||
Edição | Zach Staenberg | ||||||
Companhia(s) produtora(s) | Village Roadshow Pictures Silver Pictures | ||||||
Distribuição | Warner Bros. Pictures Roadshow Entertainment | ||||||
Lançamento | 31 de março de 1999 8 de abril de 1999 21 de maio de 1999[4] 25 de agosto de 2000[5] | ||||||
Idioma | inglês | ||||||
Orçamento | US$ 63 milhões[6] | ||||||
Receita | US$ 467.222.728[6] | ||||||
Cronologia | |||||||
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Matrix é um exemplo do subgênero cyberpunk da ficção científica.[8] A abordagem que as Wachowski empregaram para as suas cenas de ação foi influenciada pela animação japonesa[9] e pelos filmes de artes marciais; seu uso de coreógrafos de luta para as cenas de luta e técnicas de wire fu do Cinema de ação de Hong Kong no filme influenciou as produções subsequentes de filmes de ação de Hollywood. O filme popularizou termos como "pílula vermelha" e introduziu um efeito visual conhecido como "bullet time", no qual a percepção intensificada de certos personagens é representada ao permitir a ação dentro de um plano para progredir em câmera lenta enquanto a câmera parece se mover pela cena em velocidade normal, permitindo que os movimentos acelerados de certos personagens sejam percebidos normalmente.
O filme estreou nos cinemas dos Estados Unidos em 31 de março de 1999, recebendo grande aclamação da crítica, que elogiou seus efeitos visuais inovadores, sequências de ação, cinematografia e valor de entretenimento,[10][11] se tornando um grande sucesso de bilheteria, arrecadando mais de 460 milhões de dólares contra um orçamento estimado em 63 milhões (tornando-se o filme de maior receita da Warner Bros. de 1999 e a quarta maior bilheteria daquele ano). Durante a 72º cerimônia do Óscar, Matrix ganhou todas as quatro categorias para as quais foi indicado: Melhores Efeitos Visuais, Melhor Edição, Melhor Som e Melhor Edição de Som; o filme também recebeu vários outros prêmios, incluindo Melhor Som e Melhores Efeitos Visuais na 53º ceriômia do BAFTA, enquanto as Wachowski foram premiadas com o prêmio de Melhor Direção e Melhor Filme de Ficção Científica na 26ª edição do Prêmio Saturno. É frequentemente reconhecido como um dos maiores filmes de ficção científica de todos os tempos,[12][13][14] sendo selecionado em 2012 para preservação no National Film Registry dos Estados Unidos pela Biblioteca do Congresso por ser "culturalmente, historicamente e esteticamente significativo".[15]
O sucesso do filme levou ao lançamento de duas sequências em longas-metragens em 2003, Matrix Reloaded e The Matrix Revolutions, que também foram escritas e dirigidas pelas Wachowski. A franquia Matrix foi expandida ainda mais por meio da produção de histórias em quadrinhos, videogames e um filme coletivo de animação, Animatrix, com o qual as Wachowski estiveram fortemente envolvidas; a franquia também originou livros e teorias expandindo algumas das ideias religiosas e filosóficas aludidas nos filmes. Um quarto filme, intitulado Matrix Resurrections, foi lançado em 22 de dezembro de 2021.
A sinopse deste artigo pode ser extensa demais ou muito detalhada. (Fevereiro de 2021) |
Thomas A. Anderson vive uma vida dupla: de dia, é um programador para uma companhia de software, enquanto à noite é um hacker, invadindo sistemas de computador ilegalmente e roubando informações, sob o apelido de Neo. Durante a sua vida como pirata informático, Neo convive com uma pergunta constante: "O que é a Matrix?". Na busca da resposta, dedica-se de forma persistente a encontrar um suposto "terrorista" conhecido apenas como Morpheus. O que Neo não sabe é que Morpheus o tem observado por um longo tempo. Quando este finalmente o contacta, Neo é perseguido e capturado por sinistros agentes, que presume pertencerem a alguma organização do governo e descobriram as suas atividades ilegais. Perante a recusa em cooperar, estes implantam um software eletrônico em formato de escorpião no seu corpo para poderem monitorar os seus atos e o libertam. Neo é então contactado por Trinity, uma famosa hacker, que o incentiva a procurar a verdade sobre a Matrix. Quando Neo aceita se encontrar com ela, esta remove o "escorpião" dele e o leva até Morpheus. Durante a conversa, Morpheus pede para Neo escolher: voltar a sua vida cotidiana ou saber finalmente o que é a Matrix. Neo aceita a segunda opção e toma uma pílula vermelha. Após entrar em choque, Neo acorda desorientado e alarmado por se encontrar fraco, sem pelos e nu numa cápsula de líquido, com uma série de conectores implantados na sua pele ligados a cabos. À sua volta vê apenas um número infindável de cápsulas iguais a dele, sob um céu constantemente negro. Uma máquina desliga-o do sistema e evacua-o para um esgoto, onde Morpheus e Trinity o resgatam e o conduzem a nave Nebuchadnezzar, apresentando-o a equipe.
O seu corpo é recuperado dos anos que passou dentro da cápsula. Logo que Neo ganha consciência e capacidade motora, Morpheus lhe conta finalmente a verdade, revelando que o mundo que ele conhece não existe: é parte de uma simulação interativa neural, a que chamam de Matrix. Na realidade, a humanidade vive num futuro pós-apocalíptico onde as máquinas, dotadas de inteligência artificial aperfeiçoada ao ponto da auto-consciência, entraram em guerra com os humanos quando estes as tentaram destruir, temendo serem subjulgados por elas. Diante da derrota iminente, a humanidade cobriu o céu com nuvens negras para bloquear a luz do sol, principal fonte de energia das máquinas. O plano falhou e, derrotados, os humanos passaram a ser "cultivados" dentro de cápsulas em enormes campos, servindo de fonte bioelétrica para as máquinas, criando a Matrix para poderem controlar as suas consciências. Os poucos humanos que conseguiram se libertar criaram a Resistência, que se concentra numa cidade subterrânea onde os humanos ainda podem nascer livres, chamada Zion. Neo entra em choque e se recusa a acreditar, mas depois percebe que o mundo que conhecia não era real. Morpheus conta a Neo sobre a profecia de que um dia um humano denominado "O Escolhido" lideraria a Resistência e ganharia a guerra contra as máquinas. Ele acredita que Neo é esse homem.
Os humanos libertados da Matrix têm a capacidade de entrar e sair dela quando quiserem, conectando os seus cérebros e percorrendo a simulação, dispondo de quaisquer objetos que queiram, tais como roupas, veículos e armas. Neo começa sua "formação", tornando-se especialista em várias lutas através de download dos treinos diretamente no seu cérebro. Morpheus conta que os sinistros agentes que o abordaram são na verdade programas da Matrix que se deslocam à vontade pela simulação e são virtualmente imbatíveis. Morpheus adverte Neo que a morte dentro da Matrix leva à morte no mundo real.
Depois de alguns dias a bordo da Nebuchadnezzar, Neo é conectado de volta à Matrix para encontrar a Oráculo, que tem o poder de previsão no mundo simulado. Ela lhe diz que, apesar de ter o dom, ele não é o Escolhido e que, em breve, um evento fará com que escolha entre sua vida e a de Morpheus.
Quando se dirigem ao ponto de regresso ao mundo real, a equipe é traída por Cypher, que fez um acordo com os agentes para lhes entregar Morpheus em troca de ser reconectado à vida simulada na Matrix. Morpheus é capturado e Cypher, por ter voltado antes, começa a matar os tripulantes um por um, arrancando a conexão deles antes que voltassem. Quando está prestes a fazer o mesmo com Neo, o piloto da nave, que parecia estar morto, mata Cypher. Neo e Trinity sabem que os agentes pretendem usar Morpheus para lhes revelar o acesso aos códigos da mainframes de Zion. A primeira ideia é arrancar a conexão de Morpheus para matá-lo mas, reconhecendo o evento que Oráculo mencionou, Neo opta por retornar à Matrix com Trinity para o resgate. No telhado onde Morpheus está sendo interrogado, eles confrontam o Agente Jones e, na troca de tiros, Neo descobre que consegue desviar de balas. Trinity mata o "corpo" do Agente Jones e, de helicóptero, resgata Morpheus.
Morpheus e Trinity regressam ao mundo real, mas quando Neo tenta, é interceptado pelo Agente Smith. Após intensa luta, é fatalmente atingido pelo Agente Smith. Trinity, vendo o Neo morrendo na Matrix, sussurra no ouvido de seu corpo real sua previsão da Oráculo, que ela se apaixonaria pelo Escolhido, por isso ele não pode morrer. Na Matrix, Neo ressuscita e os agentes voltam a atacar, mas Neo para as balas no ar. Ele percebe que consegue ver o código da Matrix em tudo o que o rodeia. Acreditando mais em si, vence a batalha. Na última cena, Neo deixa uma mensagem às máquinas via telefone, advertindo-as que vai libertar tantas mentes humanas quanto for possível.
- Keanu Reeves como Neo: um programador de computador cujo nome verdadeiro é Thomas A. Anderson, que opera secretamente como um hacker chamado Neo. Reeves descreveu seu personagem como alguém que sentiu que algo estava errado e estava procurando por Morpheus e a verdade para se libertar.[16] Will Smith havia sido procurado para o papel de Neo, mas recusou em favor de Wild Wild West e também por conta ceticismo sobre os ambiciosos efeitos especiais do filme; mais tarde, ele afirmou que "não era maduro o suficiente como ator" naquela época e que, se recebesse o papel, ele "teria estragado tudo".[17][18] Nicolas Cage também recusou o papel por causa de "obrigações familiares".[19] A Warner Bros. então procurou Brad Pitt e Val Kilmer para o papel; quando ambos recusaram, Leonardo DiCaprio inicialmente aceitou o papel, mas acabou abandonando o projeto um pouco depois porque não queria fazer um filme de efeitos visuais logo após Titanic. Finalmente, o estúdio pressionou por Reeves, que ganhou o papel contra Johnny Depp, que era a primeira escolha das Wachowski. Lorenzo di Bonaventura afirmou que o roteiro também foi enviado para Sandra Bullock, com a sugestão de reescrever Neo como uma mulher.
- Laurence Fishburne como Morpheus: um humano libertado da Matrix e capitão da Nebuchadnezzar. Fishburne afirmou que, depois de ler o roteiro, não entendeu por que outras pessoas o acharam confuso. No entanto, ele duvidava que o filme fosse feito, porque era "muito inteligente".[16] As Wachowski instruíram Fishburne a basear sua performance no personagem Sonho (também conhecido como Morpheus) da série de história em quadrinhos Sandman de Neil Gaiman.[20] Gary Oldman, Samuel L. Jackson e Val Kilmer também foram considerados para o papel.
- Carrie-Anne Moss como Trinity: uma humana libertada por Morpheus, membro da tripulação do Nebuchadnezzar, e mais tarde o interesse romântico de Neo. Depois de ler o roteiro, Moss afirmou que, a princípio, ela não acreditava que tivesse que fazer as ações acrobáticas extremas descritas nele. Ela também duvidava de como as Wachowski conseguiriam dirigir um filme com um orçamento tão grande, mas depois de passar uma hora com elas revisando o storyboard, ela entendeu porque algumas pessoas confiavam nelas.[16] Moss mencionou que ela passou por um teste físico de três horas durante o casting, então ela sabia o que esperar posteriormente.[21] O papel consagrou Moss na indústria cinematográfica, que mais tarde disse: "Eu não tinha carreira antes [de Matrix]. Nenhuma".[22] Janet Jackson foi inicialmente abordada para o papel, mas conflitos de agendamento a impediram de aceitá-lo.[23][24] Sandra Bullock, que já havia sido abordada para o papel de Neo, também recebeu o papel de Trinity, mas ela recusou.[25] Rosie Perez, Salma Hayek e Jada Pinkett Smith (que mais tarde interpretaria Niobe nas sequências) chegaram a fazer o teste para o papel.[26][27][28]
- Hugo Weaving como Agente Smith: um programa "Agente" senciente da Matrix cujo objetivo é destruir Zion e impedir que os humanos saiam da Matrix; ao contrário de outros agentes, ele tem ambições de se libertar de suas funções. Weaving afirmou que achou o personagem divertido e agradável de interpretar. Ele desenvolveu um sotaque neutro, mas com caráter mais específico para o papel. Ele queria que Smith não soasse nem robótico nem humano e também disse que as vozes das Wachowski influenciaram sua voz no filme. Quando as filmagens começaram, Weaving mencionou que estava animado por fazer parte de algo que o expandiria.[29] Jean Reno foi ofertado para o papel, mas recusou uma vez que não queria se mudar para a Austrália, onde seria realizada a produção do filme.[30]
- Joe Pantoliano como Cypher: outro humano libertado por Morpheus e um tripulante da Nebuchadnezzar, mas que se arrepende de ter tomado a pílula vermelha e busca ser devolvido à Matrix, posteriormente traindo os rebeldes ao Agente Smith. Pantoliano havia trabalhado com as Wachowski antes de aparecer em Matrix, estrelando o filme de 1996 Bound.
- Anthony Ray Parker como Dozer: piloto da Nebuchadnezzar que nasceu fora da Matrix, ele é irmão de Tank, o "operador" da nave.
- Marcus Chong como Tank: o "operador" da Nebuchadnezzar e irmão de Dozer; ambos são humanos "naturais" (em oposição aos "criados"), nascidos fora da Matrix.
- Julian Arahanga como Apoc: um humano libertado e membro da tripulação da Nebuchadnezzar.
- Matt Doran como Mouse: um humano liberto e um programador na Nebuchadnezzar.
- Belinda McClory como Switch: uma humana libertada por Morpheus e membro da tripulação da Nebuchadnezzar.
- Gloria Foster como a Oráculo: uma profetisa que ainda reside na Matrix, ajudando os humanos libertos com sua visão e sabedoria.
- Paul Goddard como Agente Brown: um dos dois programas "Agentes" sencientes na Matrix, que trabalha com o Agente Smith para destruir Zion e impedir que os humanos escapem do sistema.
- Robert Taylor como Agente Jones: um dos dois programas "Agentes" sencientes na Matrix que trabalha com o Agente Smith para destruir Zion e impedir que os humanos escapem do sistema.
- Ada Nicodemou como DuJour: amiga de um dos clientes de Neo que possui uma tatuagem de um coelho branco, a qual Neo decide "seguir" (numa referência à Alice no País das Maravilhas).
Desenvolvimento
Em 1994, as irmãs Wachowski apresentaram o roteiro do filme Assassinos para a Warner Bros. Depois que Lorenzo di Bonaventura, o presidente de produção da empresa na época, leu o roteiro ele decidiu comprar os direitos dele e incluiu mais dois filmes, Bound e Matrix, no contrato. O primeiro filme dirigido pelos Wachowski, Bound, tornou-se um sucesso de crítica. Aproveitando esse momento, eles mais tarde pediram para dirigir Matrix.[31]
Em 1996, as Wachowski apresentaram o papel de Neo para Will Smith; Smith explicou em seu canal no YouTube que a ideia era ele ser Neo, enquanto Morpheus seria interpretado por Val Kilmer. Mais tarde, ele explicou que não entendia muito bem o conceito e recusou o papel para filmar Wild Wild West.[32]
O produtor Joel Silver logo se juntou ao projeto. Embora tivesse apoiadores importantes, incluindo Silver e Di Bonaventura para estimular a Warner, Matrix ainda era um grande investimento para a companhia, que teve de investir US$ 60 milhões para criar um filme com temas filosóficos e efeitos especiais difíceis.[31] As Wachowski, com isso, contrataram os artistas de quadrinhos underground Geof Darrow e Steve Skroce para desenhar um storyboard de 600 páginas, plano a plano, para todo o filme.[33][34] O storyboard finalmente ganhou a aprovação do estúdio, que decidiu realizar a sua produção na Austrália a fim de aproveitar ao máximo o orçamento.[31] Algum tempo depois, o projeto tornou-se uma co-produção entre a estadunidense Warner Bros. e o estúdio australiano Village Roadshow Pictures.[35] De acordo com o editor Zach Staenberg na faixa de comentários de áudio do DVD do filme, a equipe de produção enviou uma edição dos primeiros minutos do filme (apresentando o encontro de Trinity com a polícia e agentes) para os executivos da Warner e garantiu o "apoio total do filme" da Warner logo em seguida.[36]
Pré-produção
O elenco era obrigado a entender e explicar "Matrix".[31] O livro Simulacros e Simulação, do filósofo francês Jean Baudrillard, era leitura obrigatória para a maior parte do elenco principal e da equipe técnica.[37] No início de 1997, as Wachowski fizeram com que Reeves lesse Simulacros e Simulação, Out of Control: The New Biology of Machines, Social Systems, and the Economic World, de Kevin Kelly, e as ideias do acadêmico Dylan Evans sobre psicologia evolucionista antes mesmo de ler o roteiro,[16] até finalmente conseguir entender e explicar todas as nuances filosóficas envolvidas.[31] Moss comentou que teve dificuldade com este processo.[16]
As diretoras há muito tempo eram admiradoras do cinema de ação de Hong Kong, então decidiram contratar o coreógrafo e diretor de cinema chinês Yuen Woo-ping para trabalhar nas cenas de luta. Para se preparar para o wire fu, os atores tiveram que treinar duro por vários meses.[31] As Wachowski programaram inicialmente quatro meses para treinamento, começando em outubro de 1997.[38] Yuen estava otimista, mas depois começou a se preocupar quando percebeu o quão inaptos os atores eram.[21]
Yuen deixou seu estilo corporal se desenvolver e depois trabalhou com a força de cada ator. Ele se baseou na diligência de Reeves, na resiliência de Fishburne, na precisão de Weaving e na graça feminina de Moss.[21] Yuen projetou os movimentos de Moss para se adequar a sua destreza e leveza.[39] Antes da pré-produção, Reeves passou por uma cirurgia de fusão de dois níveis de sua coluna cervical (no pescoço) devido à compressão da medula espinhal de uma hérnia de disco: "Eu estava caindo no chuveiro quase todas as manhãs", alegou o ator;[40] ele ainda estava se recuperando na época da pré-produção, mas insistia em treinar, então Yuen o deixou praticar socos e movimentos mais leves. Reeves treinou forte e até pediu treino nos dias de folga. No entanto, a cirurgia ainda o impediu de chutar por dois dos quatro meses de treinamento. Como resultado, Reeves não proferiu muitos chutes no filme.[21] Weaving teve que passar por uma cirurgia no quadril depois de sofrer uma lesão durante o processo de treinamento.[31]
Filmagens
Quase todas as cenas foram filmadas no antigo Fox Studios (atual Disney Studios Australia) localizado em Sydney, bem como na própria cidade, embora marcos reconhecíveis não tenham sido incluídos para manter a impressão de uma cidade americana genérica. As filmagens ajudaram a estabelecer o estado australiano de Nova Gales do Sul como um importante centro de produção de filmes.[41][42] As filmagens começaram em março de 1998 e terminaram em agosto de 1998; a fotografia principal durou 118 dias.[43]
Devido à supracitada lesão no pescoço de Reeves, algumas das cenas de ação tiveram que ser reprogramadas para aguardar sua recuperação total. Como resultado, as filmagens começaram com cenas que não exigiam muito esforço físico,[44][45] como as cenas no quarto de Thomas Anderson, a sala de interrogatório[29] e o passeio de carro em que Neo é levado para ver o Oraculo.[46][47] Durante a cena ambientada no terraço de um prédio do governo, a equipe filmou imagens extras de Neo se esquivando de balas para o caso da técnica do bullet time não funcionasse; a luta desta cena foi filmada no topo do prédio da Symantec Corporation na Kent Street, em frente à Sussex Street.[48]
Moss realizou as tomadas com Trinity no início do filme e todas as acrobacias separadamente.[39] O cenário do telhado que Trinity usa para escapar do Agente Brown no início do filme foi remanescente da produção de Dark City, o que gerou comentários devido às semelhanças temáticas dos filmes.[49] Durante o ensaio da cena do saguão, na qual Trinity corre contra uma parede, Moss machucou a perna e não conseguiu filmar a cena de uma só vez; a atriz chegou a afirmar que estava sob muita pressão na época e ficou arrasada ao perceber que não seria capaz de fazer isso.[50]
O cenário do dojo foi construído bem antes das filmagens terem início. Durante as filmagens dessas sequências de ação, houve contato físico significativo entre os atores, resultando em hematomas. A lesão de Reeves e seu treinamento insuficiente com fios suspensos pelo seu corpo antes das filmagens fizeram com que ele não conseguisse realizar os chutes triplos de forma satisfatória e ficou frustrado consigo mesmo, fazendo com que a cena fosse adiada. A cena foi filmada com sucesso alguns dias depois, com Reeves usando apenas três tomadas. Yuen alterou a coreografia e fez os atores recuarem na última sequência da cena, criando uma sensação de treinamento.[51]
Os cineastas planejaram originalmente filmar a cena do metrô em uma estação de metrô real, mas a complexidade da luta e a instalação dos fios suspensos exigiam filmar a cena em um set. O cenário foi construído em torno de uma instalação de armazenamento de trem existente, que tinha trilhos de trem reais. Ao rodar a cena em que Neo joga Smith contra o teto, Chad Stahelski, o dublê de Reeves, sofreu vários ferimentos, incluindo fraturas na costela, joelhos e um ombro deslocado; outro dublê foi ferido por um extrator hidráulico durante a cena em que Neo é jogado contra uma cabine telefônica.[52] O prédio de escritórios em que Smith interrogou Morpheus era um grande cenário com a visão externa de dentro do prédio sendo grande, com três andares de altura através de um ciclorama; o helicóptero era uma maquete leve em tamanho real suspensa por um cabo de aço operado por um mecanismo de inclinação montado nas vigas do teto do estúdio. O helicóptero tinha uma pequena arma real montada em sua lateral, que foi ajustada para rodar na metade de sua taxa de disparo regular (3.000 tiros por minuto).[53]
Para se preparar para a cena em que Neo acorda em uma cápsula, Reeves perdeu quinze quilos e raspou todo o corpo para dar a Neo uma aparência emaciada; a cena em que Neo cai no esgoto concluiu as filmagens.[43] De acordo com o documentário The Art of the Matrix, pelo menos uma cena filmada e uma variedade de pequenos pedaços de ação foram descartados do filme final.[54]
Efeitos sonoros e música
O sonoplasta Dane Davis foi o responsável pela criação dos efeitos sonoros do filme. Os efeitos sonoros da cena de luta, como os sons de socos, foram criados usando hastes de metal finas que tiveram seus sons gravados e editados. O som da cápsula contendo um corpo humano se fechando exigia quase cinquenta sons juntos.[55]
A trilha sonora do filme foi composta por Don Davis.[56][57] Davis observou que espelhos e reflexos aparecem com frequência no filme (como os reflexos das pílulas azuis e vermelhas que são vistos nos óculos de Morfeu, a captura de Neo pelos agentes é vista pelo espelho retrovisor da motocicleta de Trinity, Neo observa um espelho quebrado se consertando, os reflexos se deformam quando uma colher é dobrada, o reflexo de um helicóptero é visível ao se aproximar de um arranha-céu, etc). Davis se concentrou nesse tema de reflexões ao criar sua partitura, alternando entre seções da orquestra e tentando incorporar elementos de contraponto. A partitura de Davis combina elementos orquestrais, corais e sintetizadores; o equilíbrio entre esses elementos varia dependendo se humanos ou máquinas são o assunto dominante de uma determinada cena.[58] Além da trilha sonora de Davis, Matrix também apresenta músicas de artistas como Rammstein, Rob Dougan, Rage Against the Machine, Propellerheads, Ministry, Lunatic Calm, Deftones, Monster Magnet, The Prodigy, Rob Zombie, Meat Beat Manifesto e Marilyn Manson.[59][60][61]
Design de produção
No filme, o código que compõe a própria Matrix é frequentemente representado como personagens verdes fluindo para baixo.[62] Este código usa um tipo de letra personalizado projetado por Simon Whiteley,[35] que inclui imagens espelhadas de caracteres kana de meia largura, letras latinas ocidentais e algarismos arábicos.[63] Em uma entrevista de 2017 na CNET, Whiteley atribuiu o design a sua esposa, que é japonesa, e acrescentou: "Gosto de dizer a todos que o código de Matrix é feito de receitas de sushi japonesas".[64] A cor verde reflete a tonalidade verde comumente usada nos primeiros monitores de fósforo verde.[65] Lynne Cartwright, a supervisora de efeitos visuais da empresa australiana Animal Logic, supervisionou a criação da sequência do título de abertura do filme, bem como a aparência geral do "código Matrix" ao longo do filme, em colaboração com Lindsay Fleay e Justen Marshall.[35] A sequência lembra os créditos de abertura do filme cyberpunk japonês de 1995 Ghost in the Shell, que teve uma forte influência na série Matrix.[35]
O desenhista de produção de Matrix, Owen Paterson, usou métodos para distinguir o "mundo real" e a Matrix de uma forma abrangente. A equipe de design de produção geralmente colocou uma tendência para a cor verde distinta do código Matrix em cenas ambientadas na simulação, enquanto há uma ênfase na cor azul durante as cenas ambientadas no "mundo real". Além disso, os cenários das cenas de Matrix eram um pouco mais decadentes, monolíticos e semelhantes a grades, para transmitir a natureza fria, lógica e artificial daquele ambiente. Para o "mundo real", o cabelo dos atores era menos penteado, suas roupas tinham mais conteúdo têxtil e os diretores de fotografia usavam lentes mais longas para suavizar os fundos e enfatizar os atores.[63]
A Nebuchadnezzar foi projetada para ter uma aparência remendada, em vez de conjuntos interiores de naves espaciais limpos, frios e estéreis, como os usados em produções como Star Trek. Os fios ficaram visíveis para mostrar o funcionamento interno da nave e cada composição foi cuidadosamente projetada para transmitir a nave como "um casamento entre Homem e Máquina".[66] Para a cena em que Neo acorda da Matrix, a capsula foi desenhada para parecer suja, usada e sinistra; durante o teste de um mecanismo de respiração na capsula, o testador sofreu hipotermia em menos de oito minutos, obrigando a produção a aquecer mais o objeto.[43]
Kym Barrett, figurinista do filme, disse que definiu as vestimentas dos personagens através de seu ambiente.[67] Por exemplo, o traje de escritório de Reeves foi projetado para Thomas Anderson parecer desconfortável, desgrenhado e desajeitado diante de seu chefe.[44] Barrett às vezes usava três tipos de tecido para cada fantasia e também tinha que considerar a praticidade da atuação. Os atores precisavam realizar ações de artes marciais em seus trajes, pendurar de cabeça para baixo sem que as pessoas vissem suas roupas e ser capaz de trabalhar com os fios suspensos enquanto estavam presos aos arreios.[67] Para Trinity, Barrett experimentou como cada tecido absorvia e refletia diferentes tipos de luz e, eventualmente, conseguiu fazer o traje de Trinity semelhante a mercúrio e manchado de óleo para se adequar ao personagem.[39] Para os Agentes, seu traje foi projetado para criar um serviço secreto, visual disfarçado, lembrando o filme JFK e os clássicos homens de preto.[29]
Os óculos de sol, um elemento básico da estética do filme, foram encomendados pelo designer Richard Walker da fabricante de óculos de sol Blinde Design.[68]
Efeitos visuais
Quanto à inspiração artística para o bullet time, eu daria crédito a Katsuhiro Otomo, que co-escreveu e dirigiu Akira, que definitivamente me surpreendeu, junto com o diretor Michel Gondry. Seus videoclipes experimentaram um tipo diferente de técnica chamada view-morphing e foi apenas parte do início da descoberta de abordagens criativas para o uso de câmeras estáticas para efeitos especiais. Nossa técnica foi significativamente diferente porque a construímos para mover em torno de objetos que estavam em movimento e também fomos capazes de criar eventos em câmera lenta que "câmeras virtuais" poderiam mover, em vez da ação estática nos videoclipes de Gondry com limitação dos movimentos das câmeras.
O filme é lembrado por popularizar um efeito visual[70] conhecido como bullet time, que permite que uma tomada progrida em câmera lenta enquanto a mesma parece se mover pela cena em velocidade normal.[71] O bullet time foi descrito como "uma analogia visual para momentos privilegiados de consciência dentro da Matrix"[72] e ao longo do filme, o efeito é usado para ilustrar o esforço dos personagens de controle sobre o tempo e o espaço.[73] As Wachowski primeiro imaginaram uma sequência de ação que desacelerava o tempo enquanto a câmera girava rapidamente em torno dos assuntos e propuseram o efeito em seu roteiro para o filme. Quando John Gaeta leu o roteiro, ele implorou a um produtor de efeitos da Mass Illusion para deixá-lo trabalhar no projeto e criou um protótipo que o levou a se tornar o supervisor de efeitos visuais do filme.[74]
O método usado para criar esses efeitos envolveu uma versão tecnicamente expandida de uma antiga técnica de fotografia de arte conhecida como fotografia de fatia de tempo, na qual uma série de câmeras é colocada ao redor de um objeto e acionada simultaneamente. Cada câmera captura uma imagem estática, contribuindo com um quadro para a sequência de vídeo, que cria o efeito de "movimento de câmera virtual"; a ilusão de um ponto de vista movendo-se em torno de um objeto da a entender que o mesmo está congelado no tempo.[71]
O efeito bullet time é semelhante, mas um pouco mais complicado, incorporando movimento temporal para que, em vez de parecer totalmente congelado, a cena progrida em movimento lento e variável.[69][74] As posições e exposições das câmeras foram pré-visualizadas usando uma simulação 3D. Em vez de disparar as câmeras simultaneamente, a equipe de efeitos visuais disparou as câmeras em frações de segundo uma após a outra para que cada câmera pudesse capturar a ação à medida que ela avançava, criando um super efeito de câmera lenta.[71] Quando os quadros foram colocados juntos, os efeitos de câmera lenta resultantes atingiram uma frequência de quadros de 12.000 por segundo, em oposição aos 24 quadros por segundo normais do filme.[31] Câmeras de filme padrão foram colocadas nas extremidades da matriz para captar a ação de velocidade normal antes e depois. Como as câmeras circundam o assunto quase completamente na maioria das sequências, tecnologia computadorizada foi usada para editar as câmeras que apareciam no fundo do outro lado.[71] Para criar fundos, Gaeta contratou George Borshukov, que criou modelos 3D baseados na geometria dos edifícios e usou as fotografias das próprias edificações como textura.
Os arredores fotorrealistas gerados por este método foram incorporados à cena bullet time[74] e algoritmos baseados em fluxo ótico foram usados para interpolar entre as imagens estáticas para produzir um movimento dinâmico fluente;[75][76] os slides "lead in" e "lead out" gerados por computador foram preenchidos entre os quadros em sequência para obter a ilusão de orbitar a cena.[77] A Manex Visual Effects usou um cluster farm que rodava o sistema operacional Unix-like FreeBSD para renderizar muitos dos efeitos visuais do filme.[78][79]
A Manex também lidou com efeitos das criaturas, como as Sentinelas e as máquinas em cenas do mundo real; a Animal Logic criou o corredor de código e o agente explosivo no final do filme. O estúdio DFilm gerenciou cenas que exigiam uso pesado de composição digital, como o salto de Neo de um arranha-céu e a queda do helicóptero em um prédio. O efeito cascata na última cena foi criado digitalmente, mas a tomada também incluiu elementos práticos e meses de extensa pesquisa foram necessários para encontrar o tipo correto de vidro e explosivos a serem usados. A cena foi filmada colidindo uma maquete de helicóptero em uma parede de vidro conectada a anéis concêntricos de explosivos; os explosivos foram acionados em sequência do centro para fora, para criar uma onda de vidro explodindo.[80]
As abordagens fotogramétricas e de fundo geradas por computador com base em imagens do bullet time de Matrix evoluíram para inovações reveladas nas sequências Matrix Reloaded e Matrix Revolutions. O método de usar fotografias reais de edifícios como textura para modelos 3D acabou levando a equipe de efeitos visuais a digitalizar todos os dados, como cenas, movimentos e expressões dos personagens. Também levou ao desenvolvimento da "captura universal", um processo que amostra e armazena detalhes e expressões faciais em alta resolução. Com esses dados coletados altamente detalhados, a equipe conseguiu criar uma cinematografia virtual na qual personagens, locações e eventos podem ser criados digitalmente e visualizados por meio de câmeras virtuais, eliminando as restrições das câmeras reais.[74]
Mídia doméstica
Matrix foi lançado em DVD e Laserdisc em sua proporção original de 2,39:1 em 21 de setembro de 1999, nos Estados Unidos pela Warner Home Video, bem como na proporção de 1,33:1 em Hong Kong pela ERA Home Entertainment. Também foi lançado em VHS nos formatos de tela inteira e widescreen em 7 de dezembro de 1999.[6] Sua primeira versão em DVD foi a primeira a vender mais de um milhão de cópias nos Estados Unidos;[81] em 2000, o DVD aumentou esta marca para três milhões de cópias comercializadas naquele país, feito inédito até então.[31] Até então, Matrix tornou-se o lançamento em DVD mais vendido de todos os tempos, mantendo esse recorde por alguns meses antes de ser superado por Gladiador.[82] Em 10 de novembro de 2003, um mês após o lançamento do DVD da sequência Matrix Reloaded, as vendas do DVD do filme original ultrapassaram trinta milhões de cópias.[83] Em 22 de maio de 2007, o filme ganhou um lançamento no formato HD DVD através da coleção The Ultimate Matrix Collection.[81]
Em 14 de outubro de 2008, Matrix foi disponibilizado pela primeira vez em Blu-ray.[84][85] No ano seguinte, o filme também foi lançado numa versão especial única em comemoração do seu décimo aniversário também em Blu-ray e no formato Digibook em 31 de março de 2009.[86] Em 2010, o filme teve outro lançamento em DVD junto com as duas sequências através do box The Complete Matrix Trilogy; por fim, em 2018, o filme recebeu mais dois lançamentos: um contendo apenas o primeiro filme no formato Blu-ray 4K HDR em 22 de maio[87] e o outro acompanhado das duas sequências seguintes (coleção The Matrix Trilogy) no formato Ultra HD Blu-ray 4K em 30 de outubro.[88]
Adaptação para outras mídias
A franquia gerou três videogames: Enter the Matrix (2003), que contém cenas filmadas especificamente para o jogo e narra os eventos ocorridos antes e durante Matrix Reloaded;[89] The Matrix Online (2004), um MMORPG que serviu como uma "sequência" de Matrix Revolutions;[90][91] e The Matrix: Path of Neo (2005), que se concentra na jornada de Neo através da trilogia de filmes.[92]
A franquia também inclui The Matrix Comics, uma série em HQ com contos ambientados no mundo de Matrix, escritos e ilustrados por figuras da indústria de quadrinhos; a maioria dos quadrinhos foi originalmente apresentada gratuitamente no site oficial do filme.[93] As histórias foram posteriormente republicadas, junto com algum material novo, em dois volumes de brochura impressos, chamados The Matrix Comics, Vol 1 e Vol 2.[94]