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Rio de Janeiro (estado)
unidade federativa do Brasil Da Wikipédia, a enciclopédia livre
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O Rio de Janeiro (português: [ˈʁi.u d(ʒi) ʒɐˈne(j)ɾu] (ⓘ)[9] é uma das 27 unidades federativas do Brasil. Encontra-se situado a sudeste da Região Sudeste do país e possui divisas, ao norte e noroeste, com Minas Gerais; a nordeste, com o Espírito Santo; a leste e ao sul, com o Oceano Atlântico e a sudoeste, com São Paulo. Tem uma superfície de 43 750,425 km², equivalente à da Dinamarca,[10] e abriga uma população de mais de 16 milhões de pessoas,[4] correspondente à do Camboja.[10] Os naturais do estado do Rio de Janeiro são chamados de fluminenses (do latim flumen, textualmente, "rio").[11][12] A cidade do Rio de Janeiro é sua capital.[13]
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Conta com 92 municípios. Rio de Janeiro, São Gonçalo, Duque de Caxias, Nova Iguaçu, Niterói, Belford Roxo, São João de Meriti, Petrópolis, Resende, Volta Redonda, Angra dos Reis, Cabo Frio, Macaé e Campos dos Goytacazes são as principais cidades. O estado é constituído por duas regiões geomorfologicamente diferentes: a baixada e o planalto, que se prolongam, como cinturões horizontais, da costa para o interior. Os rios mais importantes são o Paraíba do Sul, o Macaé, o Guandu, o Piraí e o Muriaé. Tem um clima tropical. Sua economia está alicerçada na indústria (metalurgia, siderurgia, química, mineral, alimentar, mecânica, editorial, gráfica, papeleira) e no turismo.[13]
O estado surgiu a partir de porções das capitanias coloniais de São Tomé e São Vicente. De 1555 a 1567, os franceses invadiram o território. Em 1565, foi criada a cidade homônima. No século XVII, a pecuária e a cana-de-açúcar estimularam o desenvolvimento. Este estava decisivamente garantido no momento em que o porto passou a escoar as riquezas de Minas Gerais, no século XVIII. Em 1763, começou a ser capital do vice-reino. Com a transferência da corte portuguesa para o Brasil, em 1808, a região recebeu grandes benefícios como sede do reino. Em 1834, a cidade do Rio de Janeiro foi elevada a município, ficando como capital do país. A capitania da qual este deixou de fazer parte se tornou província, com sede em Niterói. Em 1889, a cidade foi promovida a capital da República, e a província, a estado. Com a transferência da capital para Brasília, em 1960, o município do Rio de Janeiro foi elevado a Estado da Guanabara. Em 1975, reunificaram-se os estados da Guanabara e o Rio de Janeiro, com a denominação de Estado do Rio de Janeiro. Este começou a compreender a cidade do Rio de Janeiro como capital.[13]
A cidade com a maior população é sua capital homônima, núcleo da segunda maior metrópole do Brasil.[14] Embora seja, em condições de território, o terceiro estado brasileiro menos extenso (à frente somente de Alagoas e Sergipe), centraliza 7,9% da população do país, sendo o estado com a segunda maior densidade populacional do Brasil.[4][15][16] Conforme dados do Censo 2022, o estado constitui o terceiro com a maior população do Brasil, com cerca de 16 milhões de moradores, atrás somente de São Paulo e Minas Gerais.[4][15][17][18] O produto interno bruto (PIB) do estado é o segundo mais relevante do país, atrás do de São Paulo, à medida que o IDH fluminense é o oitavo mais alto do Brasil. Além disso, o Rio de Janeiro possui o terceiro maior índice de literacia do país, apenas atrás de Santa Catarina e Distrito Federal. O estado é sede da maior e mais completa biblioteca pública do Brasil e da América Latina, a Biblioteca Nacional, criada em 1810; do Arquivo Nacional, do BNDES e de algumas das maiores empresas do país, como Petrobras, Grupo Globo, Vale, Americanas e Gol.
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Etimologia
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Perspectiva
A denominação Rio de Janeiro veio de um erro de interpretação dos exploradores lusitanos, os quais, em 1.º de janeiro de 1502, liderados por Gaspar de Lemos, avistaram a baía hoje denominada Guanabara. Quando eles confundiram a penetração da barra com a desembocadura dum rio, denominaram a baía "do Rio de Janeiro".[19][20] Em seguida, esta designação passaria ao município e deste à capitania, posteriormente província, da qual a municipalidade fez parte até se transformar em Município Neutro, por meio do Ato Adicional de 1834.[21][22]

O gentílico fluminense[23] vem do latim fluminis, genitivo singular de flumen, "rio", e sufixo ense. Este termo foi, antigamente, o adjetivo tanto do estado como do município, para classificar pessoas, objetos, lugares e acontecimentos ligados à unidade federativa ou à municipalidade. Os fluminenses do município, no entanto, com os anos, prefeririam autodenominar-se “cariocas”, uma palavra tradicional. Esta, no final das contas, triunfou de maneira completa sobre a competidora. Possibilita identificar os nascidos no Rio de Janeiro e tudo o que está associado a ele. A procedência da palavra carioca é o tupi-guarani kari'oka, “casa de branco”, de kara'i, “esbranquiçado” e oka, “residência”. Inicialmente, a denominação referia-se a uma residência feita de pedra, erguida em arquitetura europeia, existente entre o morro da Viúva e o outeiro da Glória. Foi também construída antes da criação da cidade pelos portugueses que expulsaram os franceses. Uma série de documentos daquele tempo comprova que a residência existia, embora, até os dias atuais, não se conheça o nome do construtor. Depois, no que diz respeito ao termo, começou a constituir a denominação dos moradores dos arredores dessa residência. O termo “carioca” nomeou mais tarde um rio e os naturais da capital do estado.[22]
Na literatura, há um padrão de utilização de ambos os gentílicos — carioca e fluminense — relativos às coisas do município, em épocas distintas: em 1870, foi publicado um livro de histórias cariocas, chamado Contos fluminenses, escrito por Machado de Assis. Décadas depois, na bibliografia de Artur de Azevedo, há uma publicação elaborada após sua morte, um volume de literaturas igualmente referentes ao município. Entretanto, eram denominadas de Contos cariocas (1928).[22]
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História
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Pré-história e povos indígenas

Inúmeras pesquisas genéticas confirmam que os povos ameríndios descendem diretamente de grupos no leste da Sibéria que migraram para a América do Norte há cerca de 25 mil a quinze mil anos, e depois se espalharam por todo o continente.[24][25]
Um dos primeiros registros da existência humana no atual estado do Rio de Janeiro é o Sambaqui da Lagoa de Itaipu, em Niterói, que remonta a oito mil anos.[26][27]
Em um período disputado, nos primeiros séculos da era comum ou por volta do ano 1000, os povos tupis, procedentes da Amazônia, conquistaram todo o litoral do Rio de Janeiro, exceto a área em torno da embocadura do Rio Paraíba do Sul.[28][29]
Quando os primeiros portugueses vieram ao Brasil, em 1500, diversas tribos indígenas, como os goitacás, puris, guaianás e tamoios, ocupavam as terras que hoje compreendem o estado do Rio de Janeiro. Os goitacás residiam inicialmente na planície atravessada pelo rio Paraíba do Sul, ao norte de Cabo Frio. Os puris habitavam a região que se estendia desde o Paraíba do Sul até o rio Muriaé. Já os guaianás ocupavam o planalto perto da atual divisa com o estado de São Paulo. Por fim, os tamoios se estabeleciam ao longo de toda a costa, desde a baía de Guanabara até o sul do estado.[29][30]
Início da colonização
Região da Baía de Guanabara nos tempos da França Antártica
Rua da cidade histórica de Paraty inundada pela maré alta. Ao fundo, a Igreja de Santa Rita de Cássia
A cana-de-açúcar foi a base da economia da capitania do Rio de Janeiro nos tempos do Brasil colonial
A primeira expedição a explorar o atual estado do Rio de Janeiro foi a de Gaspar de Lemos, entre 1501 e 1502, a qual, em 1.° de janeiro de 1502, descobriu a Baía de Guanabara, que pensaram ser a foz de um grande rio, assim originando o nome “Rio de Janeiro”. A segunda expedição, de Gonçalo Coelho em 1503, verificou os recursos naturais da nova terra e edificou uma feitoria em Cabo Frio, para a exportação do pau-brasil, que se tornou o principal produto explorado em terras fluminenses.[19] Essa parte do litoral do Brasil começou a atrair não apenas portugueses, mas também franceses.[20][31]
Em 1534, o Rei João III de Portugal dividiu a América Portuguesa em quinze capitanias hereditárias, estando o atual estado do Rio de Janeiro entre a seção norte da capitania de São Vicente, de Martim Afonso de Sousa, e a capitania de São Tomé, de Pero de Góis, a noroeste do rio Macaé.[19][20][31][32]
No entanto, as primeiras tentativas de colonização portuguesa em ambas as áreas fracassaram, em virtude da hostilidade dos tamoios e dos goitacás.[33] Em 1556, foram concedidas as primeiras sesmarias no território de Paraty e Angra dos Reis, iniciando a colonização da região.[19]
Em 1555, os tamoios fizeram uma aliança com os franceses e autorizaram que estabelecessem uma colônia na margem ocidental da Baía de Guanabara, sob o comando de Nicolas Durand de Villegagnon. Tal colônia recebeu o nome de "França Antártica" e tinha como capital Henriville (cidade de Henrique), localizada no atual bairro carioca do Flamengo.[33]
Em 1560, o governador-geral do Brasil, Mem de Sá, conseguiu expulsar os franceses, entretanto, com o auxílio dos tamoios, eles refugiaram-se nas matas e reocuparam as povoações na região da Baía de Guanabara. Em 1.° de março de 1565, Estácio de Sá, sobrinho de Mem de Sá, desembarcou em uma várzea entre o Pão de Açúcar e Morro Cara de Cão, ali fundando, naquele dia, a cidade do Rio de Janeiro, para servir de quartel-general para a luta contra os franceses e para assegurar a posse portuguesa dessas terras. Em 1567, os franceses e tamoios foram decisivamente derrotados e, com isso, foi criada, nesse mesmo ano, a Capitania do Rio de Janeiro, a partir da porção setentrional da Capitania de São Vicente.[20][31][34]
Capitania do Rio de Janeiro
Logo após a criação da capitania do Rio de Janeiro, foi introduzido, na região da Baía de Guanabara, o cultivo de cana-de-açúcar, que foi a base da economia fluminense na segunda metade do século XVI e no século XVII. A cana era cultivada em latifúndios, com o emprego intensivo da mão-de-obra escravizada.[19][35]
Entre 1572 e 1577, o Brasil esteve dividido em dois governos, com o Rio de Janeiro sediando o governo do Sul.[36] Neste período, em 1575, os tamoios remanescentes foram exterminados em Cabo Frio.[37][38]
O século XVII foi marcado pela expansão da colonização do território fluminense, da região da Baía de Guanabara para a Região dos Lagos e o litoral norte fluminense e, para essas regiões, também se expandiu o cultivo da cana-de-açúcar. A cana continuava sendo a base da economia da capitania, acompanhando-lhe a pesca e a extração de sal em Cabo Frio. A pecuária também tinha destaque, sendo praticada sobretudo na região de Campos dos Goytacazes. A agricultura de subsistência também era uma atividade importante.[19][20][31]
A cordilheira da Serra do Mar complicou o deslocamento dos colonizadores ao interior.[35] A costa, de entrada mais simples, era o percurso usado para a expansão do plantio da cana-de-açúcar, a qual alcançou o vale do Paraíba.[19][31]
Entre 1583 e 1623, a área de maior destaque de produção de açúcar, no centro-sul do Brasil, se deslocou de São Vicente para a região da Baía de Guanabara. Com a ocupação de Pernambuco pelos neerlandeses, a importância do Rio de Janeiro na produção de açúcar só aumentou, assim como o número de engenhos.[39][40]
No final do século XVII, foram descobertas as jazidas de ouro em Minas Gerais, dando início ao ciclo do ouro, o qual trouxe como consequências para o Rio de Janeiro o êxodo de muitos fluminenses para as minas, a abertura de novas rotas rumo às áreas mineradoras, como o Caminho Novo, e a ampliação do porto do Rio de Janeiro, para receber o ouro a ser exportado e um grande número de portugueses e africanos escravizados, que tinham como destino as minas.[19][20][35] A prosperidade e a Guerra da Sucessão Espanhola levaram a cidade do Rio a ser atacada duas vezes pelos franceses, em 1710 e 1711.[41] Nas margens do Caminho Novo, surgiram pontos de pouso para tropeiros e aventureiros, originando cidades atuais como Paraíba do Sul e Paty do Alferes.[35] Foi explorada a Serra do Mar e, com a implantação de empórios comerciais no norte da capitania, nasceram povoados. O cultivo da cana-de-açúcar entrou em decadência, devido ao esgotamento das terras e à crise do mercado açucareiro.[20][31][40][42][43]
Em 1763, como consequência da transferência do eixo econômico do Brasil do Nordeste para o Sudeste do Brasil, a cidade do Rio de Janeiro sucedeu Salvador como capital do vice-reinado e passou a ser o centro do poderio financeiro e administrativo do Brasil.[20][44] Com o esgotamento do ouro da Capitania de Minas Gerais, a Capitania do Rio de Janeiro experimentou um ressurgimento da cana-de-açúcar, mas o maior destaque no fim do século XVIII foi o início do cultivo do café, iniciando o ciclo do produto na região.[19][45][31]
Período Joanino e Império

Em 1808, a chegada da família real lusitana ao Rio de Janeiro converteu a cidade em capital administrativa, política e econômica do Reino de Portugal, e posteriormente do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves. Várias benfeitorias chegaram à cidade, além da abertura dos portos às nações amigas, o desenvolvimento da atividade agropastoril na capitania, convertida em província em 1821, para abastecer sua capital, e a chegada de acadêmicos e artistas europeus.[19][20] Os fluminenses apoiaram a independência do Brasil (1822) e a região continuou sob gestão direta do governo central.[20][31]
Em 1834, a província do Rio de Janeiro sofreu uma perda territorial, pois a então capital nacional foi transformada no Município Neutro. Com isso, a capital da província foi transferida para Niterói.[20][31]
No final do século XVIII, o café chegou ao Vale do Paraíba fluminense e rapidamente ganhou destaque, se tornando a principal atividade econômica da província. O cultivo desse grão foi responsável pela colonização dessa parte do estado, cujas vilas prosperaram, como Resende, Vassouras e Valença. Até meados do século XIX, a província do Rio era responsável pela maioria da produção cafeeira nacional.[19][20][31][35]
No Império, enquanto o café dominava no interior, o açúcar prevalecia na baixada, ao passo que os exploradores conquistavam o planalto à procura de terras apropriadas para o cultivo do café. Por isso, consolidou-se uma sociedade tradicionalista, escravista, que defendia o imperador e resistia às teorias abolicionistas e inovadoras.[20][31] A província também testemunhou o surgimento da indústria no Brasil e a construção da Estrada de Ferro Mauá, (1854) a primeira do país, voltado ao escoamento da produção cafeeira.[19]
Foi a época mais poderosa e rica da região, a mais desenvolvida do Brasil à época. No fim do século XIX, a diminuição na produção agrícola, ocasionada pelo desgaste do solo, pelas técnicas tradicionais de cultivo e pela libertação dos escravos, empobreceu a província. A abolição da escravatura estava associada aos conflitos internos pelo poder político.[20][31]
Período republicano
Em 15 de novembro de 1889, o Brasil se tornou um país republicano e federalista. Com isso, o Rio de Janeiro foi convertido em estado e o Município Neutro, em Distrito Federal, administrado por um prefeito nomeado pelo Presidente da República. Foi primeiro governador fluminense Francisco Portela, que aparentava conciliar as duas facções do Partido Republicano Fluminense – os evolucionistas de Quintino Bocaiúva e os radicais de Silva Jardim. Em 1890, nas eleições para a Constituinte, houve uma cisão no partido.[20][31]
Durante a República Velha, o Rio de Janeiro viu perder a sua influência na política nacional para São Paulo e Minas Gerais, que elegeram a maioria dos presidentes brasileiros dessa época.[20][31]
Em 1903, ascendeu ao governo estadual Nilo Peçanha, em cuja administração, em 1906, assinou-se o Convênio de Taubaté com as administrações paulista e mineira, para a valorização do café. O nilismo, corrente política em nome de Peçanha, dominou a política fluminense por vinte anos, perdendo força em 1923, com a morte de Nilo e uma intervenção federal no estado, por meio da qual a oposição ascendeu ao poder, por meio de Feliciano Sodré, aliado do então presidente Artur Bernardes.[50]
No período, as tradicionais lavouras de cana e café aprofundaram a sua já existente decadência. Nesse contexto, com pouco estímulo à produção industrial, a pesca e a extração de sal na Região dos Lagos e a exploração de madeira se desenvolveram. Nas áreas cafeicultoras tradicionais, como Vassouras, Cantagalo e Valença, a cultura foi substituída pela pecuária.[19][31]
Com a Revolução de 1930, o estado do Rio de Janeiro foi governado por interventores nomeados por Getúlio Vargas até 1935, quando foi eleito indiretamente o governador Protógenes Guimarães. Nos primeiros anos da Era Vargas, a unidade federativa teve que lidar com as consequências da crise de 1929 e uma situação econômico-financeira complicada. Em 1937, foi instaurado o Estado Novo, que durou até 1945, e Vargas nomeou para a interventoria do Rio seu genro, Ernâni do Amaral Peixoto, em cuja administração houve uma nova organização do sistema tributário, a criação de novas secretarias e obras de infraestrutura, além da criação da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) em Volta Redonda.[19][20][31][51]
Com a queda do Estado Novo, em 1945, seguiram-se cinco interventores nomeados pelo poder central, até a eleição, em 1947, de Macedo Soares, em cujo governo (1947–51) houve um forte desenvolvimento da indústria de aço e cimento e estímulos financeiros à agropecuária, reerguendo-a. Apesar da expansão das indústrias e rodovias e da criação da Companhia Nacional de Álcalis no governo eleito de Amaral Peixoto (1951–1955), a economia fluminense passou por um período de estagnação, só se estabilizando na presidência de Juscelino Kubitschek, quando o Plano de Metas do governo federal deu maior incentivo à indústria, sobretudo a naval e de petróleo. A rede elétrica também foi estendida a muitos municípios do interior do estado.[19][31]
Em 21 de abril de 1960, Kubitschek transferiu a capital federal do Rio de Janeiro para Brasília e o então Distrito Federal se converteu no estado da Guanabara.[20][31]
Em 1.° de julho de 1974, o ditador Ernesto Geisel assinou a Lei Complementar n.º 20, incorporando a Guanabara ao estado do Rio de Janeiro, o qual passaria ter como nova capital a cidade do Rio de Janeiro. A lei se tornou efetiva em 15 de março de 1975, quando tomou posse o governador almirante Faria Lima.[52][53] Em 1979, tomou posse Chagas Freitas, escolhido pela Assembleia Legislativa.[54] Nessa época, iniciaram-se as obras da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto, em Angra dos Reis, que começou suas operações em 1982.[55][56][31]
Na década de 1980, a segurança pública se tornou um grande problema para o estado do Rio de Janeiro, tendo esse tema elegido e derrotado governadores. Também nesse decênio, o petróleo começou a ganhar destaque na economia fluminense, a qual, no final da década de 1990, sofreu mudanças, com as privatizações das principais estatais estaduais e a instalação da indústria automobilística no interior do estado.[57][58][31]
Por meio de eleições diretas, o gaúcho Leonel Brizola, que fora governador do Rio Grande do Sul de 1959 a 1963, tomou posse do cargo em 1983. Substituído por Moreira Franco em 1987, Brizola regressou ao governo em 1991 e renunciou em abril de 1994,[20][31] sendo sucedido por Nilo Batista, que terminou o mandato.[20][52][31] O ex-prefeito da capital Marcello Alencar foi eleito em 1994.[20][52][31] Em 1998, foi eleito Anthony Garotinho, ex-prefeito de Campos dos Goytacazes, que exerceu o cargo de 1999 até abril de 2002, quando renunciou e foi sucedido pela ex-senadora Benedita da Silva, que concluiu o mandato. Em 2002, foi eleita Rosinha Garotinho, esposa de Anthony.[20] Em 2006, o senador Sérgio Cabral Filho foi eleito governador, sendo reeleito em 2010.[59] Ele renunciou em abril de 2014 e foi sucedido pelo vice Luiz Fernando Pezão,[60] que venceu as eleições de 2014.[61] Pezão ficou no cargo até sua prisão em novembro de 2018, quando foi substituído por Francisco Dornelles.[62] Escolhido nas eleições de 2018,[63][64] o ex-juiz Wilson Witzel tomou posse em 2019.[65] Após sofrer impeachment em 2021, foi sucedido pelo vice-governador Cláudio Castro,[66] que completou o mandato e foi reeleito em 2022.[67][68]
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Geografia
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Perspectiva
O território do estado do Rio de Janeiro visto por satélite da NASA
Pico das Agulhas Negras, a altitude máxima do estado fluminense
Arraial do Cabo, localizada na região dos Lagos
O estado do Rio de Janeiro está inserido no bioma da Mata Atlântica, possuindo em seu relevo montanhas e baixadas situadas desde a Serra da Mantiqueira até o Oceano Atlântico. Merece destaque pelas paisagens diversas, com altas escarpas no litoral, restingas, baías, lagunas e florestas tropicais. É uma das 27 unidades federativas do Brasil, situada a sudeste da região homônima. Tem como divisas Minas Gerais ao norte; Espírito Santo a nordeste e São Paulo a sudoeste. É banhado pelo oceano Atlântico ao sul e a leste.[69] É uma das menores unidades federativas em extensão territorial do Brasil e a menor em área da região Sudeste.[2] O município mais ao norte do estado é Porciúncula e o mais ao sul é Paraty.[70] Seu litoral possui 636 quilômetros de extensão, sendo mais curto em dimensão do que os litorais baiano e maranhense, na região Nordeste, e maior que as costas do Rio Grande do Sul e São Paulo.[71][72]
Geomorfologia
Geralmente, as terras fluminenses são relativamente inférteis. Os solos mais favoráveis ao uso agrário se situam em Campos, Cantagalo, Cordeiro e em certas localidades do vale do Paraíba do Sul.[73]
A base cristalina do Brasil forma o arcabouço básico do relevo do estado. Suas rochas, gnaisses e granitos foram os primeiros do país. Estas passaram por transformações sísmicas, especialmente as falhas do terciário, procedência geológica das fileiras serranas que seguem a planície costeira. O estado abriga relevo bem diversificado, com enormes declives e altitudes elevadas.[74]
Quase 50% do território está aquém de 200 metros. Outros 32% se encontram de 200 a 600 m, 11% de 600 a 900 m, 6% de 900 a 1 500 m e apenas 1% além de 1 500 m. Três unidades formam o esquema geomorfológico: a baixada, os maciços litorâneos e o planalto.[74]
A baixada se expande no decorrer do território e desenha uma curvatura desde o nordeste até o sudoeste. Bastante reduzida em sua parte oeste, estende-se grandemente na porção leste. Percebe-se uma variada estrutura na baixada. Há vários gêneros de acidentes geográficos nessa região: morros e colinas cortadas em rochas cristalinas, praias, areões constituídos pela união de faixas costeiras, campos dunares, grandes pântanos que se propagam no decorrer dos cursos inferiores dos rios, e um enorme delta, constituído pelo Paraíba do Sul em sua foz. Inúmeras lagoas aparecem no decurso do litoral do estado, que compreende também três enormes reentrâncias: baías de Guanabara, de Sepetiba e da Ilha Grande. Dentre as duas últimas, está localizada a Ilha Grande e, bloqueando de maneira incompleta a baía de Sepetiba, a restinga de Marambaia.[74]
Os maciços litorâneos elevam-se no decorrer da baixada e constituem uma fileira de montanhas com altitude entre 200 e 500 m. As regiões mais altas se estendem a partir de Cabo Frio até a margem leste da baía de Guanabara, em direção horizontal para o litoral. Do oeste da baía, se encontram os pontos mais altos no município da capital. Estes pontos culminantes constituem os maciços de Gericinó (900 m no pico do Guandu), da Pedra Branca (1 024 m) e da Tijuca (1 021 m).[74]
O planalto abrange boa parte do território estadual. Sua orla de montanhas, geralmente denominada Serra do Mar, é localmente chamada Serra dos Órgãos, da Estrela, entre outras. Esta cadeia de montanhas ocupa a baixada, desde o norte, com seu paredão de serras. Ergue-se habitualmente além de mil metros de altura, especialmente na Serra dos Órgãos, onde a Pedra do Sino alcança 2 263 m. Já a área do planalto desce levemente para o interior, rumo ao vale do Paraíba do Sul.[74]
A planície de inundação, ou várzea do Paraíba do Sul, disponibiliza os únicos pedaços de terra aplainada de área considerável nessa região de terreno irregular. Além do Paraíba do Sul, perto da divisa com os estados de Minas Gerais e São Paulo, eleva-se outro paredão escarpado similar à Serra do Mar: a Serra da Mantiqueira, que compõe a orla do planalto mineiro e paulista. É nesta região que se localizam as maiores elevações do estado, as quais alcançam o Pico das Agulhas Negras, com 2 787 m. Esta montanha é a altitude máxima do estado do Rio de Janeiro.[74]
Serra dos Órgãos ao amanhecer
Hidrografia
Vários rios, que descem diretamente ao Oceano Atlântico, pertencem à rede hidrográfica fluminense. O mais importante é o Paraíba do Sul, proveniente do estado de São Paulo. Ele corta o estado de oeste a leste, até desaguar no Atlântico, perto da divisa com o Espírito Santo. Acolhe vários tributários (Pomba, Paraibuna, Piabanha, Piraí, Dois Rios). A ele corre toda a rede hidrográfica, a qual tem suas nascentes nas elevações da serra do Mar. Enquanto isso, os rios, os quais saem da escarpa, alcançam rapidamente o oceano. Todos os outros rios autônomos são pequenos. Dentre os quais merecem destaque Itabapoana, Macaé, São João e Macacu. Várias lagoas aparecem por toda a extensão da costa fluminense.[75]
De Cabo Frio até a baía de Guanabara, estão localizadas lagoas resultantes da obstrução de antigas baías por fímbrias costeiras (Maricá, da Barra, Guarapina, Saquarema e Araruama). Perto da Guanabara, e na parte ocidental, situam-se as lagoas Rodrigo de Freitas, da Tijuca, de Jacarepaguá e de Marapendi. Próximo a Campos dos Goytacazes, no norte, aparecem lagoas cuja estrutura está associada à formação do delta do Paraíba do Sul. Entre essas lagoas estão a Feia, a de Dentro, a dos Coqueiros e a do Taí Pequeno, dentre outras menores.[75]
Clima

O estado do Rio de Janeiro possui os tipos climáticos Aw, Am, Af, Cfa, Cfb, Cwb e Cwa da classificação climática de Köppen-Geiger. O clima tropical semi-úmido do tipo Aw, com invernos secos e pluviosidades de verão, aparece no oeste da baixada. Já o Am predomina nas imediações dos maciços e encostas baixas do município da capital, em consequência das chuvas orográficas. A média térmica é de 24 °C por ano e o índice é de 1 250 mm por ano. O clima tropical úmido Af, com pluviosidades bem divididas ao longo do ano, aparece na parte mais baixa das montanhas do planalto (serra do Mar). Nessa região, as chuvas de relevo elevam seu índice pluviométrico para 2 500 mm por ano. O clima tropical de altitude Cfa é caracterizado por verões quentes e pluviosidades bem divididas. Este clima equivale às partes altas do declive escarpado, onde a altitude causa a diminuição das médias térmicas para 20 °C por ano. Já o tipo Cfb equivale às partes mais altas, onde os verões já se tornam frios e a média da temperatura despenca para 18 °C por ano.[75]
Os climas Cwb e Cwa aparecem na retaguarda da serra do Mar, ou seja, no reverso do planalto, em regiões onde se somam as chuvas de relevo. Sua pluviosidade ocorre apenas nos períodos de verão, descendo para 1 500 mm. O Cwb compreende as partes mais altas do planalto, localizadas próximo à serra do Mar. Este clima ocasiona o aparecimento de verões frios e o Cwa nas porções menos elevadas do planalto, vale do Paraíba do Sul. Nessa região, os verões se tornam quentes, aumentando as temperaturas médias para 20 °C por ano. Uma característica anormal dessa situação aparece na costa de Cabo Frio, onde chuvas menos volumosas permitem a exploração de sal na Lagoa de Araruama.[75]
Litoral, flora e fauna

Pouco sobra da vegetação original fluminense. A atividade agropecuária conduziu a uma quase inteira destruição das matas, as quais revestiam mais de 91% da área da atual unidade federativa. Dessas matas, remanescem, na atualidade, somente pequenas manchas que se localizam em lugares de menor acesso ou de altas montanhas, inadequados para a agropecuária. Estes incluem encostas mais inclinadas das serras do Mar e Mantiqueira.[75]
Além das matas, a vegetação abrangia também manguezais e era formada por restinga e praia, no cordão costeiro; campos de altitude, nas partes mais altas das serras (Serra dos Órgãos e Maciço do Itatiaia) e as estepes do delta do Paraíba do Sul em Campos. Todos passaram por forte intervenção da antropização.[75]
A fauna do estado do Rio de Janeiro pertence à Mata Atlântica. Esta somente existe em vários lugares, como o das serras denominadas dos Órgãos e do Tinguá. Estas serras abrigam mamíferos como várias espécies de mico e macaco, pacas, guaxinins, jaguatiricas e demais felinos. Além disso, há diversas aves, tanto pernaltas, quanto pássaros e psitacídeos.[75]
A costa fluminense apresenta muitos recortes. Os mais importantes acidentes geográficos são a Baía da Ilha Grande, a ilhota homônima, a Restinga da Marambaia, e as baías de Sepetiba e de Guanabara. Nessa região, merece destaque na paisagem a Enseada de Botafogo.[76] Existe uma soma de 65 ilhas distribuídas pelo litoral na baía de Paraty e 365 apenas no município de Angra dos Reis.[77][78]
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Demografia
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Perspectiva
A população do estado do Rio de Janeiro, no censo demográfico de 2022, era de 16 055 174 habitantes, sendo a 3.ª unidade da federação mais populosa do país, centralizando cerca de 7,91% da população brasileira[81] e apresentando uma densidade demográfica de 366,97 moradores por quilômetro quadrado (a 2.ª maior do Brasil).[82] Ao passo que 52,8% eram mulheres e 47,2% homens, tendo uma razão de sexo de 89,39.[81] Em dez anos, o estado apresentou uma taxa de crescimento populacional de 0,03%.[81]
O Índice de Desenvolvimento Humano do estado do Rio de Janeiro é considerado alto conforme o PNUD. Segundo o último Atlas do Desenvolvimento Humano do Brasil, divulgado em 2013, com dados relativos a 2010, o seu valor era de 0,761, estando na quarta colocação ao nível nacional e na terceira ao regional, depois de São Paulo. Considerando-se o índice de longevidade, seu valor é de 0,835 (6.º), o de renda é 0,782 (3.º) e o de educação é de 0,675 (4.º).[83] O coeficiente de Gini, que mede a desigualdade social, é de 0,50 e a incidência da pobreza de 32,44%.[84] A taxa de fecundidade do Rio de Janeiro é de 1,68 filhos por mulher, uma das mais baixas do Brasil.[85]
Hierarquia urbana e regiões metropolitanas

Dos 92 municípios fluminenses, apenas quatro tinham população acima dos quinhentos mil. Outros vinte e dois tinham entre 100 001 e 500 000, onze de 50 001 a 100 000, vinte e oito de 20 001 a 50 000, vinte de 10 001 a 20 000, e sete de 5 001 a 10 000.[86] A cidade do Rio de Janeiro, sozinha, abrigava 39,5% do total de habitantes,[87] além de possuir a quarta maior densidade demográfica,[88] três vezes menor que São João de Meriti, em relação aos demais municípios (12 521,64 hab./km²),[89] enquanto Santa Maria Madalena, no centro-leste, detinha a mais baixa (12,62 hab./km²).[90]
Todo o território do estado se encontra na área influenciada pela cidade do Rio, cuja ação é exercida por meio dos centros intermediários de Petrópolis, Nova Friburgo, Barra Mansa, Volta Redonda e Campos dos Goytacazes. Inúmeros municípios, incluindo Niterói, integram a Região Metropolitana. As demais maiores cidades são Nova Iguaçu, São Gonçalo, Duque de Caxias e São João de Meriti.[91]
Religiões

Segundo o censo 2022, da população do estado acima de 10 anos, 38,92% se declarou como católica, 32% como evangélica, 3,53% como espírita, 2,58% como umbandista e candomblecista, 16,89% como irreligiosa (ateísmo e agnosticismo), 0,02% como tradições indígenas, 5,86% como adepta de outras religiões (como Testemunhas de Jeová, mórmons e outras denominações cristãs, budistas, judaístas, muçulmanos e outras religiões) e 0,20% não declarou ou não sabe. Isso faz desta a unidade federativa com a maior porcentagem de espíritas no país.[93][94]
Segundo a divisão da Igreja Católica no Brasil, o estado do Rio de Janeiro pertence à Regional Leste I e seu território é dividido em uma província eclesiástica, formada pelas arquidioceses de São Sebastião do Rio de Janeiro, dividida em cinco dioceses sufragâneas: Barra do Piraí-Volta Redonda, Duque de Caxias, Itaguaí, Nova Iguaçu e Valença; e de Niterói, subdividida em três: Campos, Nova Friburgo e Petrópolis.[95]
O estado do Rio de Janeiro também possui os mais diversos credos protestantes ou reformados, sendo a Igreja Universal do Reino de Deus, a Congregação Cristã, a Batista e a Assembleia de Deus as maiores denominações.[94]
Composição étnica, migração, povos indígenas e racismo
No período colonial, a população do Rio de Janeiro foi formada pela miscigenação entre portugueses, indígenas e africanos subsaarianos. Nos séculos XIX e XX, o Rio de Janeiro recebeu imigrantes europeus (alemães, italianos, suíços, espanhóis, portugueses, ingleses, finlandeses) e asiáticos (judeus, árabes sírios e libaneses, chineses, japoneses), contribuindo ainda mais para a diversidade da população fluminense, os quais se fixaram sobretudo na capital e nas regiões serranas. Mais recentemente, a imigração para o estado têm sido predominantemente de latino-americanos e de anglo-americanos.[96]
Atualmente, residem no Rio pouco mais de 620 indígenas, divididos em dezesseis grupos, que abrangem área de 4 789 hectares de extensão.[97] Destes, a reserva indígena Tekoha Jevy, localizada no município de Paraty, é o grupo mais extenso.[97]
Segundo pesquisa de autodeclaração do censo de 2022, 41,80% da população fluminense se declarou como branca, 41,62% como parda, 16,16% como pretos, 0,14% como amarelos e 0,10% como indígenas.[98]
Migrantes internos também foram importantes na formação do povo do Rio de Janeiro. Segundo o censo 2022, da população fluminense, 91,71% nasceu na Região Sudeste (87,23% no próprio estado), 6,49% na Região Nordeste, 0,48% na Região Sul, 0,46% na Região Norte, 0,29% na Região Centro-Oeste, 0,50% nasceu no exterior, 0,03% em local não especificado no Brasil e 0,03% em local não declarado. Dentre os estados que mais forneceram migrantes, estão Minas Gerais (412 mil, 2,57%), Paraíba (275 mil, 1,71%), Ceará (183 mil, 1,14%), Bahia (178 mil, 1,11%) e Pernambuco (160 mil, 0,99%).[99]
O estado do Rio de Janeiro denunciou, em 2021, 1365 queixas de racismo — 1 036 das vítimas são negras, ou 75% das ocorrências. As informações foram publicadas pelo Instituto de Segurança Pública (ISP), que descreveu com detalhes o Painel Discriminação.[100]
O relatório aponta estatísticas relativas ao preconceito contra pessoas ou grupos em consequência da sua etnia, raça, cor, classe social, sexualidade ou por intolerância religiosa. A pesquisa enfatiza, ainda, que 166 pessoas sofreram discriminação de raça, cor, credo, etnia e nacionalidade, e 33 casos por injúria a culto. O estudo aponta que 56% das vítimas de discriminação são mulheres negras, o que significa no mínimo uma vítima por dia durante todo o ano de 2021. Nos casos de discriminação de raça, cor, religião, etnia e nacionalidade, das 77 vítimas negras, 26,5% também são mulheres.[100]
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Governo e política
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Perspectiva
O estado do Rio de Janeiro, da mesma forma que uma república, é administrado por três poderes, totalmente sediados na capital estadual. São eles: o executivo, o legislativo e o judiciário.[101] São símbolos do estado a bandeira, o brasão e o hino.[101]
O poder executivo fluminense é desempenhado pelo governador do Rio de Janeiro. Este é escolhido pela população fluminense para um mandato de quatro anos, com direito à reeleição para mais um período de governo, visando administrar o estado. O chefe do poder executivo fluminense é sucedido, em seus impedimentos, pelo vice-governador, e assessorado pelos secretários estaduais.[101]
A matriz do poder executivo do estado, o Palácio Guanabara, foi construída pelo português José Machado Coelho em 1853, adquirido pela família imperial brasileira em 1865 até sua desapropriação em 1889, com a proclamação da República no Brasil, e restaurado pela primeira vez pelo arquiteto José Maria Jacinto Rebelo. Foi sede da prefeitura do Distrito Federal de 1946 a 1960, quando passou ao governo do estado da Guanabara. Em 1975, o prédio começou a ser a sede do governo do estado do Rio de Janeiro, sucedendo o Palácio do Ingá, em Niterói.[102] Não se deve confundir o Palácio Guanabara com o Palácio Laranjeiras, localizado no bairro homônimo (na Rua Paulo Cesar Andrade, 407), que constitui a residência oficial do governador.[102][103]
A partir do início da república, tomou posse pela primeira vez do governo do estado o Dr. Francisco Portela, que esteve no poder de 16 de novembro de 1889 a 10 de dezembro de 1891.[104]
O poder legislativo fluminense é unicameral e representado pela Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, sediada desde 2021 no Edifício Lúcio Costa,[nota 1] formada por 70 deputados estaduais, escolhidos diretamente pelo povo para mandatos de quatro anos.[101] No Congresso Nacional, a representação fluminense é de três senadores e 46 deputados federais.[105][106]
A mais alta corte do poder judiciário fluminense é o Tribunal de Justiça do Rio, localizado no centro da cidade.[107] Há ainda outros tribunais e juízes.[101] Conforme o Tribunal Superior Eleitoral, o estado do Rio possuía, em junho de 2020, 12 455 815 eleitores, significando 8,275% do eleitorado brasileiro, o 3.º maior do país.[108]
Palácio Guanabara, sede do governo estadual
Palácio Tiradentes, antiga sede da Assembleia Legislativa (1975–2021)
Centro Cultural Justiça Federal, prédio da antiga sede do Supremo Tribunal Federal
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Subdivisões
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Perspectiva
Evolução territorial, regiões geográficas intermediárias e imediatas
O estado do Rio de Janeiro surgiu como unidade política em 1567, com quinze cidades e vilas, sendo a mais antiga, o Rio de Janeiro,[109] fundada em 1565, e a última desse período foi Nova Friburgo, criada em 1820.[110][111] Com a independência do Brasil, a província do Rio de Janeiro foi organizada em 1823 e, naquele ano, seu território já se dividia no mesmo número de cidades e vilas.[111] Do Império até a República, passou de quinze para 92 municípios. Constitui o 18.º estado com o maior número e o 3.º da região Sudeste, atrás de Minas Gerais e São Paulo, e à frente do Espírito Santo.[112]

O estado é composto por 92 municípios, que estão distribuídos em 14 regiões geográficas imediatas, que por sua vez estão agrupadas em cinco regiões geográficas intermediárias, segundo a divisão do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) vigente desde 2017.[113]
As regiões geográficas intermediárias foram apresentadas em 2017, com a atualização da divisão regional do Brasil, e correspondem a uma revisão das antigas mesorregiões, que estavam em vigor desde a divisão de 1989. As regiões geográficas imediatas, por sua vez, substituíram as microrregiões.[114] Na divisão vigente até 2017, os municípios do estado estavam distribuídos em 18 microrregiões e seis mesorregiões, segundo o IBGE.[115]
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Economia
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Perspectiva

O Rio de Janeiro é a 2.ª unidade federativa mais rica do Brasil em produto interno bruto, possuindo 10,2% da economia do país, estando atrás apenas de São Paulo (ambos são os únicos estados cujo PIB ultrapassa o valor de 1 trilhão de reais). O estado também é um grande exportador. Em 2019, foi a segunda maior unidade federativa brasileira em exportação, participando com 12,81%.[118]
Entre suas maiores empresas se destacam: Petrobras, BR Distribuidora, Ipiranga, Raízen Combustíveis, Vale, Assaí Atacadista, Lojas Americanas, Light Sesa, Grupo Globo, Gol, Furnas Centrais Elétricas, Telemar, Gerdau, Shell Brasil, Transpetro, B2W, Blueway Trading, BNDES, Ampla, Repsol e CEDAE.[119]
Setor primário

O setor primário constitui o menos relevante da economia fluminense ao nível nacional. Em 2013, a agropecuária respondia só por 1,0% do valor adicionado bruto em relação à economia do Brasil.[120]
No período imperial, a monocultura cafeeira era a maior atividade econômica do Rio de Janeiro; no entanto, seu declínio foi provocado pela erosão do solo e pela libertação dos escravos. A lavoura se transformou em uma atividade secundariamente importante no estado, que, no final do século XX, converteu-se em um dos poucos, no Brasil, com produto fabril superior ao agrário. A cana-de-açúcar, item mais significativo da produção agrária nos últimos anos do século XX, permanece como o mais importante produto agrícola, bastante cultivado na região de Campos. O segundo produto é a laranja, plantada especialmente na região de Itaboraí. Depois vem o tomate, plantado principalmente na Serra Fluminense, junto ao seu rebordo (Serra do Mar), com demais hortaliças e árvores frutíferas (principalmente o caqui).[57]
Outros principais produtos incluem a banana e o arroz. A primeira é plantada na Baixada Fluminense e nos baixos sopés da Serra do Mar, prevalecendo nas áreas mais úmidas, que se aproveitam de fartas chuvas orográficas. O arroz está concentrado na região dos vales dos rios Muriaé e Pomba, e é plantado nos solos de aluvião das planícies de inundação da região. Ainda nessa área se encontra a cafeicultura fluminense, que desempenha no panorama nacional função bem inferior em comparação com o que tinha no passado, quando ocupava inteiramente o vale do Paraíba. Entre os mais importantes produtos do estado, destacam-se também a mandioca, na região de Campos; o milho, nos vales do Muriaé e Pomba; o feijão, no vale do Paraíba; a batata-inglesa, na Serra Fluminense, próximo à borda; e o abacaxi, na planície litorânea, no entorno da Região Metropolitana do Rio de Janeiro.[57]
A pecuária bovina está dirigida sobretudo para a fabricação de leite e derivados. A bacia leiteira do estado está localizada principalmente na região do vale do Paraíba do Sul, onde a criação de gado apareceu em substituição à cafeicultura, no final do século XIX. Já a suinocultura está concentrada na parte norte do estado, onde o plantio do milho atinge maior progresso. Outra atividade importante é a da avicultura e produção de ovos. Associada ao desenvolvimento do comércio do Grande Rio, essa atividade se situa tanto na baixada como no planalto.[57]
Também a pesca adquire posição de relevo, ao utilizar o comércio das cidades e a infraestrutura instalada no estado (entrepostos, construção naval, indústria de enlatados). No setor, uma das atividades de maior importância econômica constitui a pesca da sardinha.[57]
Setor secundário
Imagem aérea do Estaleiro Mauá, em Niterói |
O setor secundário constitui o mais relevante e maior da economia fluminense ao nível nacional: no ano de 2013, a indústria respondia por 14,4% do valor adicionado bruto em relação à economia do Brasil.[120]
Apenas no final do século XIX foram estabelecidas indústrias de porte (moinhos de trigo nos portos de Niterói e do Rio de Janeiro) e indústrias de tecelagem nos arredores das quedas-d'água (rio Majé, Petrópolis e Nova Friburgo). No século XX, as indústrias cresceram em número; no entanto, o processo não foi o bastante para manter o estado no comando econômico nacional, transferido para São Paulo.[57]
Foi a partir dos anos 1940 que a ação governamental, com a implantação do programa de indústrias de base, instalou alguns enormes complexos fabris no estado: a Fábrica Nacional de Motores (Duque de Caxias), adquirida pela italiana Fiat e mudada em 1979 para Minas Gerais; a REDUC e a fábrica de borracha sintética da Petrobrás (Duque de Caxias); a Companhia Siderúrgica Nacional (Volta Redonda); e a Companhia Nacional de Álcalis (Arraial do Cabo).[57]
Desde os anos 1960, o progresso industrial, à procura de novos mercados, incluindo o exterior, viu-se beneficiado por novas condições infraestruturais, com a fundação de zonas e distritos industriais — incluindo a do Rio de Janeiro, onde foi estabelecida a Cosigua — e a construção de novas estradas de rodagem. Cresceu o número de indústrias, em prejuízo dos antigos estabelecimentos de tecelagem, inativos ou em declínio. Desenvolveu-se também a construção civil, que se transformou em importante fonte de aproveitamento de mão-de-obra. Por setores, é necessário enfatizar a instalação de imensos estaleiros no Rio de Janeiro, Niterói e Angra dos Reis, nos anos 1960, que modernizam e expandem a frota mercante do Brasil.[57]
Fábrica da Brasil Kirin em Cachoeiras de Macacu |
O estado é o segundo mais desenvolvido industrialmente do Brasil, atrás de São Paulo. A maioria das fábricas está concentrada no município da capital e em sua região metropolitana. Além do conhecido complexo industrial da cidade do Rio de Janeiro, onde se destacam a construção naval, a siderurgia e indústrias alimentícias e de bebidas, há os centros fabris de Niterói (construção, metalurgia, conservas de peixe, vidro), São Gonçalo (vidro, cimento, metalurgia), Itaboraí (cerâmica e cimento), Magé (tecidos), Duque de Caxias (estamparia, material de construção, lataria, produtos químicos e farmacêuticos, automóveis, refinaria de petróleo) e Nova Iguaçu (laminações, fundições, estruturas metálicas, trefilarias).[57] A partir de 2024, o Complexo de Energias Boaventura, em Itaboraí, impulsionou o processamento de gás natural na região.[121][122]
Espalhadas nas imediações do Grande Rio, destacam-se os centros fabris de Petrópolis e Nova Friburgo (tecidos) e, mais isolados, os de Arraial do Cabo (Fábrica Nacional de Álcalis), Campos dos Goytacazes (usinas açucareiras) e Angra dos Reis (construção naval). Outra área industrial favorecida por sua posição, no decorrer do eixo de ligação Rio-São Paulo, constitui-se no médio vale do rio Paraíba do Sul, onde os mais importantes núcleos são Barra Mansa (metalurgia e alimentos), Volta Redonda (Companhia Siderúrgica Nacional) e Resende (indústria automotiva).[57]
Bem abundantes, os recursos minerais são bastante aproveitados na indústria de construção. No estado, existem reservas subterrâneas de águas minerais, pirita, calcários, argilas, grafita, areias monazíticas, turfa, berilo e gipsita, além de quantidades pequenas de bauxita, níquel, cristal de rocha e feldspato. No litoral, especialmente em Cabo Frio, São Pedro da Aldeia e Araruama, o aparecimento de salinas faz a extração do sal marinho constituir importante fonte de renda, de maneira a trazer condições de subsistência à indústria de soda cáustica.[57]
Outras jazidas de exploração intensa constituem-se nas de calcários (calcita, dolomita e mármore). Existem, também, consideráveis sedimentos conchíferos (carbonato de cálcio) na lagoa de Araruama e demais locais. Com o descobrimento da bacia petrolífera na plataforma continental de Campos em 1973, o estado se transformou no maior produtor nacional de petróleo, com cerca de sessenta por cento da produção; produz, também, mais de quarenta por cento de gás natural no Brasil.[57]
Setor terciário
O setor terciário constitui o segundo mais relevante e maior da economia fluminense ao nível nacional: no ano de 2013, os serviços respondiam por 11,6% do valor adicionado bruto em relação à economia do Brasil.[123]
O comércio do estado é vigoroso, especialmente com nações estrangeiras como a China (37%), Estados Unidos (15%), Espanha (11%), Singapura (5,8%), Chile (5,3%), Portugal (3,9%) e Índia (3,7%). Boa parte das operações de intercâmbio ocorre por meio do Porto do Rio de Janeiro. Em 2023, os portos de Niterói, Angra dos Reis e Rio de Janeiro movimentaram exportações no valor de 46 740,8 milhões de dólares e importações de 25 847,6 milhões de dólares. No comércio de cabotagem, o estado exportou 3,7 bilhões de dólares e importou 2,1 bilhões de dólares no mesmo ano.[124][125]
Os serviços constituem 67,4% do produto interno bruto do estado,[126] em campos como telecomunicações, audiovisual, tecnologia da informação (TI), turismo, turismo de negócios, ecoturismo, seguros e comércio. O estado é a matriz de boa parte das organizações comerciais de telefonia do país, como TIM, Oi e Embratel. O estado também compreende posição de destaque no campo de vendas a varejo, sendo matriz de importantes redes de lojas, como Lojas Americanas, Ponto Frio e Casa & Vídeo.[119]
O estado e, mais precisamente, sua capital, são comumente ligados à produção audiovisual. Conforme informações do Ministério da Cultura, mais de 80% das produtoras de cinema nacionais possuem matriz nele, sendo da mesma dimensão sua produção de filmes em comparação ao total do país.[127] O Rio de Janeiro compreende hoje grande parte dos estúdios que dublam filmes e séries televisivas de outros países. Na capital do estado se encontrava a Herbert Richers, maior companhia de dublagem e tradução do Brasil.[128] A cidade do Rio de Janeiro é o quartel-general e berço do Grupo Globo, maior conglomerado de instituições comerciais de comunicações e produção cultural da América Latina.[129] Ainda têm sede no Rio de Janeiro a TV Globo, a Rádio Globo e o jornal O Globo, primeira entidade comercial da holding.[129]
Também se encontra nele o Casablanca Estúdios, complexo de estúdios de teledramaturgia e produção da Record.[130] Ainda tinha sede no Rio de Janeiro a Rede Manchete, criada em 1983 e dissolvida em 1999.[131] O estado (e exatamente a cidade do Rio de Janeiro) tem sobressaído como palco para filmes de outros países, especialmente dos Estados Unidos.[132]
Turismo
Enseada de Botafogo com o complexo do Pão de Açúcar ao fundo, vistos a partir do Morro Dona Marta
O Rio de Janeiro constitui uma das unidades federativas brasileiras de maior potencialidade turística. Embora seja pouco extenso, traz ao turista uma abundância de atrações, tanto na costa quanto na serra.[133]
Na costa do estado, a parte mais frequentada pelos visitantes constitui a região dos Lagos, que compreende os municípios de Maricá, Saquarema, São Pedro da Aldeia, Cabo Frio, a maior praia do estado, Rio das Ostras e Macaé. Na costa sul, merecem destaque os balneários de Paraty, Angra dos Reis e Mangaratiba, que formam a denominada Costa Verde.[134][133]
O clima aprazível e a proximidade da cidade do Rio de Janeiro fazem das cidades da Serra Fluminense, como Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo, centros de veraneio bastante movimentados. Ainda na montanha, destaca-se o Parque Nacional da Serra dos Órgãos, em Teresópolis, e o de Itatiaia, em Resende, com mais de dois mil metros, que tem as maiores reservas ecológicas do estado.[135][133]
O Rio de Janeiro possui também locais de grande interesse histórico. Paraty, cidade toda catalogada (protegida e preservada contra mudanças) pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, com sua arquitetura típica do Brasil Colônia, igrejas, fortes e ruas feitas de pedra do século XVII, movimenta vários visitantes. Angra dos Reis, com o convento do Carmo, as ruínas do convento de São Bernardino de Sena e a capela da Ordem Terceira; Niterói, com as igrejas da Boa Viagem e de São Francisco Xavier e o forte São Domingos; e Cabo Frio, com o convento de Nossa Senhora dos Anjos, também podem ser procurados.[136][133]
A cidade do Rio de Janeiro é conhecida por seus acidentes geográficos e pela agitada vida noturna, sendo uma das principais zonas turísticas brasileiras. Tem a segunda maior rede de hotéis do Brasil, atrás da cidade de São Paulo, contando, a nível nacional, com 429 estabelecimentos (8,5%), 31 594 unidades habitacionais (12,6%) e 45 416 leitos (12,2%).[9][137][133]
Além das praias de Ipanema, de Copacabana, do Leblon, do Recreio dos Bandeirantes e da Barra da Tijuca; há outros pontos turísticos, como a Floresta Nacional da Tijuca, a maior reserva florestal urbana do mundo; o Corcovado, com a estátua do Cristo Redentor, uma das sete maravilhas do mundo moderno; e o Pão de Açúcar, conectado à Praia Vermelha por um bondinho.[137][133] Algumas partes da cidade também possuem uma arquitetura colonial, como o Aqueduto dos Arcos e o Largo do Boticário.[137][133] Este, no entanto, foi erguido nos anos 1920 e 1940.[138][133]
O ponto culminante da temporada turística da cidade acontece em fevereiro (ou março, em certos anos) quando, em quatro dias, é festejado o maior carnaval do mundo.[139] Os mais importantes eventos e festividades do estado constituem: em Cabo Frio, a Festa de Nossa Senhora da Assunção (de 6 a 16 de agosto);[140] em Campos, a Festa de São Salvador (de 4 a 10 de agosto) e a Exposição Especializada (em abril);[141][142] em Cordeiro, a Exposição Agropecuária de Cordeiro (em julho);[143] em Niterói, Niterói em Cena (em setembro);[144] em Paraty, a Festa de São Benedito (de 8 a 17 de novembro);[145] no Rio de Janeiro, o Carnaval (em fevereiro ou março),[139] a Festa de Nossa Senhora da Glória do Outeiro (15 de agosto),[146] a Feira da Providência (em dezembro),[147] a Festa da Penha (em outubro),[148] e o Festival Villa-Lobos (de 4 a 30 de novembro);[149] em São Fidélis, a Festa da Lagosta (em maio), extinta em 1988;[150] e em São João da Barra, a Festa da Penha (em abril).[151][133]
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Infraestrutura
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Perspectiva
Saúde

A infraestrutura hospitalar dispunha, em 2009, de 6 457 estabelecimentos, com 42 593 leitos, atendidos por 76 070 médicos, 14 374 enfermeiros e 30 770 auxiliares de enfermagem.[152][153] De todos os 92 municípios do estado, em 2000, 82,3% da população contavam com serviços de abastecimento de água e 60,8% de esgotos sanitários.[153] Existem, no estado, cidades de clima serrano, imensamente saudáveis, favoritas como centros de veraneio e de restauração do bem-estar, como Teresópolis, Petrópolis e Nova Friburgo.[154]
De acordo com uma pesquisa realizada pelo IBGE em 2019, 80% dos fluminenses realizavam consulta médica periodicamente; 49,2% dos habitantes consultavam o dentista regularmente e 5,7% estiveram internados em leito hospitalar nos últimos doze meses. Apenas 37,7% tinham plano de saúde. 45,4% declararam necessitar sempre do Programa Saúde da Família — PSF.[152]
Educação

Em 2018, foram registradas matrículas de 2 003 315 discentes nas 7 677 instituições educacionais de ensino fundamental no estado do Rio de Janeiro, das quais 202 eram do estado, 139 143 do município, 79 408 da iniciativa privada e 697 da União. No que diz respeito ao corpo docente, era formado por 102 737 professores, dos quais 13 392 ensinavam em instituições de ensino do estado, 630 em escolas da União, 26 503 nas do município e 21 792 nas da iniciativa privada. O ensino médio, em 2018, era lecionado em 18 107 estabelecimentos, com 311 830 discentes registrados por matrícula, atendidos por 1 051 docentes.[155]
Em 2019, a taxa de alfabetização estadual era de 98%, empatada com Santa Catarina na segunda posição nacional.[156] A taxa de escolarização na faixa etária de 8 a 14 anos era de 19,3%.[157] Em 2008, 14,1% da população fluminense era de analfabetos funcionais.[158] Seu IDH-educação era o 8.º mais alto do Brasil em 2021 (0,758).[8]
As mais importantes instituições fluminenses de ensino superior do setor público são o Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca,[159] a Escola Nacional de Ciências Estatísticas,[160] o Instituto Federal do Rio de Janeiro,[161] o Instituto Militar de Engenharia,[162] o Instituto Nacional de Educação de Surdos,[163] o Instituto Superior de Educação do Rio de Janeiro,[164] a Universidade do Estado do Rio de Janeiro,[165] a Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro,[166] a Universidade Federal do Rio de Janeiro[167] e a Universidade Federal Fluminense.[168]
Cidade Universitária da Universidade Federal do Rio de Janeiro vista a partir da Igreja da Penha: ao centro, o Hospital Universitário Clementino Fraga Filho e, ao fundo, a Baía de Guanabara
Transportes

O estado do Rio de Janeiro é atendido pelas linhas das antigas ferrovias da Central do Brasil, Leopoldina e Viação Férrea Centro-Oeste, membros da Rede Ferroviária Federal. As linhas da Leopoldina atendem à periferia da capital e à porção leste do estado, com diversos troncos e inúmeros ramais, por meio dos quais se fazem as conexões com o Espírito Santo e a zona da Mata mineira. As linhas da Central do Brasil atendem à periferia da capital e à porção oeste do estado, por intermédio de um tronco que conecta a capital estadual com os estados de São Paulo e Minas Gerais. Já as do Centro-Oeste atendem a algumas cidades próximas ao sul de Minas Gerais. Sua única entrada mais acentuada no estado alcança Angra dos Reis, cujo porto serve à região central de Minas Gerais.[70][57]
A rede de rodovias asfaltadas cresceu devido à capital, atendida por estradas federais que a põem em contato com outros estados. Dessa forma, a BR-101 atravessa a baía de Guanabara por intermédio da ponte Presidente Costa e Silva (Rio-Niterói) e corta o estado, atravessando Campos dos Goytacazes, Rio Bonito, Niterói, Mangaratiba e Angra dos Reis. A rodovia Presidente Dutra, trecho da BR-116, conecta a capital com a cidade de São Paulo, atravessando as cidades fluminenses de Nova Iguaçu, Barra Mansa e Resende. A rodovia Presidente Washington Luís sai da capital em direção a Minas Gerais, atendendo a Duque de Caxias, Petrópolis e Três Rios. Além dessas estradas, a BR-492 faz a conexão Niterói-Nova Friburgo-Cordeiro-São Fidélis e a BR-356 conecta São João da Barra, Campos, Itaperuna e Muriaé. Existem também diversas rodovias estaduais.[70][57]
Estão em atividade no estado os portos do Rio de Janeiro e Angra dos Reis, o terceiro e o quarto do Brasil em movimento de carga, respectivamente. O porto de Sepetiba constitui um terminal de minérios, para a grande exportação de produtos vindos de Minas Gerais. Pouco movimentados, estão em funcionamento os portos de Niterói e Forno. Próximo ao porto do Rio de Janeiro, opera o terminal oceânico Almirante Tamandaré, da Petrobrás.[70][57] No transporte aquaviário, há um serviço público de barcas na Baía de Guanabara conectando as cidades do Rio de Janeiro e Niterói, assim como as ilhas de Paquetá e do Governador; e na Baía da Ilha Grande, interligando a ilha homônima, Angra dos Reis e Mangaratiba.[169][170]
A capital dispõe de três aeroportos civis: o Internacional do Rio de Janeiro (Galeão), com a capacidade de acolher aeroplanos supersônicos; o Santos Dumont, reservado para linhas domésticas, e o de Jacarepaguá, para aeronaves de menor porte.[70][57]
Serviços e comunicações
As empresas de energia elétrica que atuam no estado do Rio de Janeiro são a Light S.A.,[171] a Enel Distribuição Rio[172] e a Energisa Nova Friburgo.[173] Os serviços de abastecimento e venda de gás canalizado no estado do Rio de Janeiro são realizados pela Naturgy.[174]
O estado conta com outros serviços básicos. No Rio de Janeiro, existem várias empresas responsáveis pelo abastecimento de água. Em boa parte dos municípios fluminenses, a empresa responsável por água e saneamento básico (esgoto) é a Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (CEDAE).[175] Outros municípios são abastecidos por outras empresas ou por empresas do próprio município — um exemplo é Campos dos Goytacazes, na região norte do estado, cuja empresa responsável pelo abastecimento de água é a Águas do Paraíba, pertencente à Aegea.[176]

Existem vários jornais presentes em diversos municípios do estado, por exemplo, O Fluminense, Nitideal (Niterói), O Debate, Azul Limão, Tribuna do Sol (Macaé), Folha da Manhã, Tribuna do Sol, O Diário (Campos dos Goytacazes), Diário de Petrópolis, Jornal de Itaipava, Tribuna de Petrópolis (Petrópolis), A Folha, O Diário de Teresópolis, Teresópolis Jornal (Teresópolis), A Voz da Serra (Nova Friburgo), Jornal Dia-a-Dia (São João de Meriti), Jornal Atual, Jornal Impacto (Itaguaí), entre outros.[177] Dois dos mais influentes jornais do país,[178] O Globo e o Jornal do Brasil, são fluminenses e mantêm suas sedes na capital do estado.[177]
Na área televisiva, a mais antiga emissora de televisão do estado, a TV Tupi Rio de Janeiro, foi fundada e comandada por um dos herdeiros de Assis Chateaubriand, Fernando, em 1951.[179] Desde então, várias outras emissoras desenvolveram-se no estado e ganharam projeção no Brasil e nesse estado, como foi o caso da TV Globo, a maior emissora de televisão do país, totalmente sediada na região metropolitana do Rio.[180][181]
Segurança pública e criminalidade
Forças Armadas
No Exército Brasileiro, o Rio de Janeiro pertence ao Comando Militar do Leste[182] e, com o Espírito Santo, integra a 1.ª Região Mil.,[183] tendo, no estado, o Hospital Militar de Resende e a Policlínica Militar de Niterói.[184] Na Marinha do Brasil, o Rio de Janeiro integra o 1.º Distrito Naval e contém o Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro, a Base Aérea Naval de São Pedro da Aldeia e o Complexo Naval de Itaguaí.[185][186][187][188] Também se localizam no estado o Colégio Naval, em Angra dos Reis, e o Centro de Mísseis e Armas Submarinas da Marinha, na ilha do Engenho, São Gonçalo.[189][190] Na Força Aérea Brasileira, o estado conta com as bases aéreas dos Afonsos, do Galeão e de Santa Cruz, na capital.[191][192][193]
Corporações policiais
Viaturas da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (PMERJ)
Quartel do Comando Geral do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro (CBMERJ)
Segundo a Constituição Federal de 1988 e a Estadual de 1989, os órgãos reguladores da segurança pública no estado do Rio de Janeiro são a Polícia Militar, a Polícia Civil e o Corpo de Bombeiros Militar.[194][101]
A Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (PMERJ) possui, como atribuição principal, a realização do policiamento ostensivo e a manutenção da ordem pública no território fluminense, constituindo-se em uma das corporações militares desse ente federativo. Para fins de organização e de emprego em situações bélicas, atua como força auxiliar e de reserva do Exército Brasileiro, assim como as demais corporações congêneres, integrando o Sistema Nacional de Segurança Pública e Defesa Social. Está vinculada ao governo do estado do Rio de Janeiro, por intermédio da Secretaria de Estado de Segurança Pública (SESP).[195][196] Seus membros são denominados militares estaduais, conforme o art. 42 da Constituição Federal, assim como os integrantes do Corpo de Bombeiros Militar.[194][197] Segundo informações do 19.º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) em julho de 2025, as corporações policiais do Rio de Janeiro figuram proporcionalmente como as oitavas mais letais do país.[198] Em 2013, a Fundação Getulio Vargas apontou o Rio de Janeiro como a unidade federativa com o maior número de policiais mortos.[199] O 16.º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, em 2022, apontou que a corporação possuía 43 362 militares na ativa.[200]
A Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro (PCERJ) é uma das forças policiais da unidade federativa e integra a estrutura de proteção estatal. Cabe-lhe, nos termos do artigo 144, § 4º, da Constituição Federal, respeitada a atribuição da esfera federal, as funções de polícia judiciária, investigação criminal e o exame de delitos, excluídas as infrações de caráter bélico.[194] Fundada em 1808, contava com 6 976 agentes em 2020.[201][200]
O Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro (CBMERJ) é uma organização cuja função principal consiste na realização de tarefas de proteção civil, prevenção e combate a incêndios, busca, resgate e atendimento público no território fluminense, sendo também força auxiliar e reserva do Exército Brasileiro, vinculado ao Executivo Estadual do Rio de Janeiro por meio da Secretaria Estadual de Defesa Civil (SEDeC).[202] Foi instituído em 1856 por D. Pedro II, contando com 11 364 militares em 2022.[203][200]
Crime organizado e domínio territorial
O crime organizado no Rio de Janeiro exerce controle territorial significativo, com facções como as milícias, o Comando Vermelho e o Terceiro Comando Puro dominando áreas estratégicas. Em 2023, as milícias controlavam 66,2% dos 155,33 km² de territórios sob domínio de grupos armados na capital fluminense, enquanto o Comando Vermelho dominava 20,7% e o Terceiro Comando Puro 9,3%.[204] No leste metropolitano, há predomínio do Comando Vermelho, enquanto a facção divide com as milícias a prevalência na Baixada Fluminense.[205]
Esse domínio é consolidado por meio da exploração de atividades ilícitas, como o tráfico de drogas, e da imposição de regras próprias, incluindo horários de funcionamento e cobrança de taxas. A presença de facções em favelas e bairros periféricos impacta diretamente a segurança pública e a qualidade de vida dos moradores, além de representar um desafio contínuo para as autoridades locais.[205]
Estatísticas criminais
Taxas históricas
Conforme o Mapa da Violência 2012, divulgado pelo Instituto Sangari e pelo Ministério da Justiça, a taxa de homicídios por 100 mil moradores no estado do Rio de Janeiro, que era de 2,7 em 1980, subiu para 31,8 em 2009, permanecendo acima da média nacional de 27,0.[206] Entre 2000 e 2010, o número anual de óbitos violentos caiu de 7 337 para 4 193, e o estado passou da segunda para a décima-sétima posição no ranking nacional de unidades federativas por taxa de homicídios.[206]
Em 1983, o Brasil registrava 13,8 homicídios por 100 mil habitantes, enquanto a taxa do Rio de Janeiro era de 15,9, 16% maior que a média nacional. Ao final do período analisado, a taxa estadual aumentou para 61,9, uma elevação de 288,8%, colocando o estado por vários anos no topo do ranking nacional da violência.[206][207]
Região Metropolitana
A Região Metropolitana do Rio de Janeiro destacou-se como principal foco de violência, com índices mais de quatro mil vezes superiores à média estadual, crescendo 345,8% no período, o equivalente a 13,3% ao ano.[206] No interior, as taxas eram mais de mil e novecentas vezes maiores que a média estadual.[206] Desde 2000, observa-se uma redução gradual nos índices criminais em todo o território, embora permaneçam vários polos fortemente conurbados.[206]
Municípios com mais altos índices
Segundo o Atlas da Violência 2024, publicado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, as cidades do estado com as mais altas taxas de homicídios por 100 mil moradores são: Itaguaí (59,9), Queimados (58,4), Macaé (40,6), Itaboraí (40,6), Duque de Caxias (39,7), Magé (39,5), Angra dos Reis (39,4), Cabo Frio (36,5), Mesquita (35,9), Nova Iguaçu (35,8), Belford Roxo (35,8), Itaperuna (35,6), São João de Meriti (35,2), Nilópolis (34,7), Araruama (34,7), São Gonçalo (32,6), Rio das Ostras (30,7), Resende (30,1), Volta Redonda (28,7), Campos dos Goytacazes (26,7), São Pedro da Aldeia (23,1), Rio de Janeiro (21,3), Niteroi (21,0), Teresópolis (20,0), Maricá (18,8), Petrópolis (10,0) e Nova Friburgo (9,0).[208][209]
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Cultura
Resumir
Perspectiva

Capital do Brasil por dois séculos, a partir de 1763 até a implantação de Brasília em 1960, o Rio de Janeiro retrata um apreciável patrimônio cultural e artístico. Várias outras cidades do estado também fazem parte dessa herança, já em virtude da influência da metrópole carioca, em resultado do antigo apogeu cafeeiro.[210]
O artesanato fluminense resulta das consequências culturais herdadas dos portugueses, negros e indígenas que habitavam a região. As ferramentas usadas pelos artesãos são as mais diversas. Nesse estado podem ser encontrados os antigos utensílios feitos de cerâmica, produtos de herança aborígene como máscaras, brinquedos, instrumentos musicais, panelas e armas. Há também os artefatos de fibra, parafina, palha de bananeira e de metais finos como bronze e a prata.[211]
O estado tem uma das maiores heranças arquitetônicas do país. Nela, estão construções que representam as mais importantes épocas e estilos da arquitetura brasileira, que abrangem do período colonial à arquitetura contemporânea. Também há os palácios, palacetes e edifícios luxuosos em Petrópolis, e o patrimônio arquitetônico de cidades como São João de Meriti e Volta Redonda, dentre outros.[211]
O Rio de Janeiro é visto como um dos principais polos gastronômicos do Brasil, tendo importância e influência internacional. A cidade dispõe dos mais refinados restaurantes que fornecem os mais variados alimentos para as mais diversas predileções culinárias. A comida mais tradicional da região é a feijoada. Sua projeção determinou a culinária brasileira e resulta da miscigenação cultural que o país assistiu e que originou o que atualmente designa-se de "brasilidade".[211]
Entre os pintores, escultores e artistas plásticos mais notórios no estado do Rio de Janeiro incluem: Hélio Oiticica,[212] Roberto Burle Marx,[213] Roberto Magalhães,[214] Adriana Varejão,[215] Beatriz Milhazes,[216] Anna Bella Geiger,[217] Waltércio Caldas,[218] Marcela Cantuária,[219] Panmela Castro,[220] Alexandre da Cunha[221] e Maria Martins.[222]
Entidades culturais, museus e bibliotecas
Operam no estado do Rio de Janeiro três universidades federais e duas estaduais, além de diversas outras privadas e inúmeras faculdades e escolas afastadas. As mais célebres são, na capital, a Universidade Federal do Rio de Janeiro, a Universidade do Estado do Rio de Janeiro e a Pontifícia Universidade Católica. Fora da capital, merecem destaque a Universidade Federal Fluminense (Niterói), a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (Seropédica), a Universidade Estadual do Norte Fluminense, em Campos dos Goytacazes, criada em 1994, e a Universidade Católica de Petrópolis.[210]
Além dessas instituições de ensino superior, há, na área da pesquisa sanitária, a Fundação Osvaldo Cruz na capital, e o Instituto Vital Brazil em Niterói.[210]
São vários e de enorme importância os museus do estado. O Museu Imperial, criado em 1938, opera no Palácio do Grão-Pará, antiga casa da família imperial em Petrópolis. O Museu do Primeiro Reinado, na cidade do Rio de Janeiro, compreende a casa que era de propriedade de Domitila de Castro Canto e Melo, marquesa de Santos, no bairro de São Cristóvão. Ainda em São Cristóvão está sediado o Museu Nacional, fundado pelo príncipe D. João em 1808, estabelecido na Quinta da Boa Vista, anexado à Universidade do Brasil (atual UFRJ) em 1946 e devastado por um incêndio em 2018.[210] Em Niterói, o Palácio do Ingá, antiga sede do Executivo estadual, abriga o Museu de História e Artes do Estado do Rio de Janeiro.[49]
O Museu de Arte Contemporânea de Niterói destaca-se por sua estrutura arquitetônica externa, a qual remete tanto à forma de um cálice quanto à de um objeto voador não identificado. A instituição conta com quatro pavimentos e cerca de 2.500 metros quadrados de área, nos quais estão distribuídos ambientes destinados a exposições artísticas e galerias. Aqueles que observam através das janelas inclinadas em um ângulo de 40 graus podem desfrutar de uma paisagem abrangente que revela o Rio de Janeiro, o Pão de Açúcar e a Baía de Guanabara.[223] A Barra da Tijuca, na capital estadual, passou a abrigar, a partir de 2013, a chamada Cidade das Artes, um centro cultural onde está instalada a maior sala de concertos da América Latina.[224]
O estado do Rio de Janeiro conta com 166 bibliotecas públicas.[225] As maiores são a Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, a maior instituição do gênero no Brasil e na América Latina em número de acervo bibliográfico;[226][nota 2] a do Arquivo Nacional;[227] a do Real Gabinete Português de Leitura,[228] que possui a maior coletânea de publicações científico-literárias portuguesas fora de Portugal; as dos ministérios da Fazenda e da Cultura;[229][230] e a da Fundação Getúlio Vargas;[231] todas situadas na cidade do Rio de Janeiro.[232]
Acervo arquitetônico
Além de suas atrações ecológicas, o Rio de Janeiro apresenta rico acervo arquitetônico, com numerosos monumentos catalogados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Merecem destaque o aqueduto da Carioca, que levou o encanamento de água do Silvestre em direção ao centro da cidade entre 1723 e 1896, quando foi ajustado para acolher os bondes de Santa Teresa; o Paço Imperial, instalado em 1743; o Teatro Municipal (1909), baseado na Opéra de Paris; o edifício da Biblioteca Nacional, do princípio do século XX; e o palácio do Catete, que, erguido em estilo neoclássico, era matriz do poder executivo federal do Brasil até 1960, quando se transformou no Museu da República.[210]
Possuem ainda relevante interesse arquitetônico a matriz da Fundação Osvaldo Cruz, erguida em estilo mourisco e instalada em 1900; o palácio Guanabara, antiga casa oficial do presidente do Brasil e atual sede do governo do estado; o palácio do Itamaraty; os conjuntos arquitetônicos do jardim, da rua do Catete, do arco do Teles e do morro do Valongo; a Quinta da Boa Vista; as igrejas e conventos de Santo Antônio e Santa Teresa, o mosteiro, a igreja e o morro de São Bento.[210]
Na capital, há inúmeros templos, tais quais a Catedral Metropolitana do Rio de Janeiro; as igrejas de Nossa Senhora da Glória do Outeiro, com o conjunto arquitetônico e paisagístico da colina em que está localizado; de Nossa Senhora da Conceição e Boa Morte; de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito; de Nossa Senhora do Carmo da Lapa; e de Nossa Senhora da Lapa dos Mercadores. De enorme interesse histórico e cultural são ainda os chafarizes de Grandjean de Montigny, da Glória, do Lagarto, de Paulo Fernandes, do Mestre Valentim, da rua do Riachuelo, das Saracuras e a Bica da Rainha.[210]
Em várias cidades do estado acham-se também conventos, igrejas e construções antigas de enorme relevância histórica e arquitetônica, como, por exemplo, em Angra dos Reis, a igreja de Nossa Senhora do Carmo (1593) e a capela de Santa Luzia (1632); em Arraial do Cabo, a igreja de Nossa Senhora dos Remédios, do séc. XVI; em Campos, a basílica de São Salvador (1652); em Cabo Frio, a Fonte do Itajuru (1870), com azulejos de Portugal do séc. XVI, o convento de Nossa Senhora dos Anjos (do final do século XIX), que comporta o Museu de Arte Sacra, e o Forte de São Mateus (1616); e em Macaé, a igreja de Sant'Anna (séc. XVII).[210]
Em Niterói, é possível visitar o forte de Santa Cruz (1555), catalogado pelo IPHAN, a basílica de Nossa Senhora Auxiliadora (séc. XIX), que possui o maior órgão de tubos da América Latina, a igreja de São Lourenço dos Índios (1627), símbolo da fundação de Niterói, e a igreja São Sebastião do Itaipu (1716), erguida pelo padre Anchieta. Entre os vários monumentos catalogados pelo IPHAN em Paraty, merece destaque a igreja de Santa Rita de Cássia, que comporta o Museu de Arte Sacra, a casa da Cadeia (1701) e o forte Defensor Perpétuo (1703). Petrópolis, por seu turno, comporta a catedral de São Pedro de Alcântara, em estilo gótico francês, o Palácio Quitandinha (1944) e a casa de Santos Dumont (1918), planejada pelo inventor.[210]
Panorama do Aqueduto da Carioca a partir do Largo da Lapa
Dança, música, cinema e moda praia
Desfile da Portela no Carnaval do Rio de Janeiro de 2014
O estado do Rio de Janeiro era e permanece sendo um dos principais expoentes artísticos da identidade brasileira. Sua herança musical tem ultrapassado até mesmo as fronteiras geopolíticas do Brasil, fazendo com que os ritmos e os estilos musicais criados nele sejam bem recebidos no estrangeiro. Dentre os mais importantes estilos musicais, merecem destaque o samba, o chorinho e a bossa nova.[211]
O samba tem procedência afro-brasileira, mas com peculiaridades bem cariocas. Tem origem no lundu, oriundo do batuque negro. O ritmo se expandiu ligeiramente por todo o estado, sendo agora a dança e a música mais popular do Brasil. O mais antigo samba gravado foi Pelo Telefone, composto por Donga. Um dos principais intérpretes desse estilo foi Ary Barroso, responsável por seu prestígio. Desde os anos 1950, o samba de morro alcançou os asfaltos por meio das escolas de samba, convertendo-se no ícone do carnaval.[211]
A marcha nasceu no Rio de Janeiro quase na mesma época que o samba. Esse estilo musical é originário dos ritmos afrodescendentes do carnaval carioca. Foi Chiquinha Gonzaga quem compôs a primeira marchinha de carnaval, Ô Abre Alas, em 1899.[233][234][211]
O chorinho nasceu no Rio de Janeiro. Ele é uma fusão dos elementos rítmicos (valsa, schottish, polca), da música popular portuguesa, adquirindo uma influência da música africana. No princípio, o chorinho era visto somente como um modo de cantar uma música de maneira triste (chorosa), por isso seus autores eram designados de chorões. Só no século XX é que tal maneira chorosa se transformou em um estilo musical, apesar de haver documentos de sua história ainda no desfecho do século XIX. As mais importantes celebridades dessa música eram Vila-Lobos, Joaquim Antônio da Silva Callado, Chiquinha Gonzaga, Ernesto Nazareth, Jacob do Bandolim, Pixinguinha, dentre outros.[211]
As mais antigas manifestações da bossa nova remontam à década de 1950, na zona sul do Rio de Janeiro, adquirindo dimensões mundiais. Dentre os mais importantes intérpretes, merecem destaque: Antônio Carlos Jobim, Vinicius de Moraes, Candinho, João Gilberto, Baden Powell, Carlos Lyra, etc.[211]
Mas tem se destacado recentemente outro estilo musical, o funk carioca, que possui festivais de forte apelo popular denominados bailes. Estas são lideradas por MCs e DJs, várias vezes com intensa conotação de apologia à violência.[235][236] Outro estilo musical popular no estado e também inspirado pela cultura negra constitui o charme. Este, no entanto, ao contrário do funk, dá preferência às letras românticas e bem-comportadas.[236]
No ano de 2006, 65% dos filmes produzidos no Brasil tiveram origem em produtoras localizadas na capital fluminense,[237] que conta, ainda, com mais de 360 salas de exibição — a segunda maior taxa entre as capitais brasileiras —,[238] além de concentrar também a segunda maior quantidade relativa de museus (sendo 124 ao todo)[239] e 43 espaços teatrais.[240]
Em pleno antigo Distrito Federal, agora subordinado ao estado do Rio de Janeiro, o biquíni, utilizado por várias mulheres brasileiras em praias, piscinas, rios, banheiras e banhos de cama em hospitais, foi introduzido por Miriam Etz em 1948, pela primeira vez na Praia do Arpoador.[241][242][243]
Turismo e eventos

O município do Rio de Janeiro é o mais importante centro turístico do Brasil, e alguns de seus pontos de atração, como Pão de Açúcar e o Corcovado, se transformaram mesmo em símbolos do país. Outros pontos de interesse são suas numerosas praias e parques florestais, como o Parque da Pedra Branca e o da Floresta da Tijuca, as duas maiores áreas florestais urbanas do mundo; as ilhas da baía de Guanabara, as igrejas, os centros desportivos e as quadras das escolas de samba.[210]
Entre as atrações do resto do estado incluem-se praias e estâncias serranas. As cidades litorâneas acolhem nos finais de semana e no verão enorme quantidade de turistas. No sentido oeste-leste, seguem-se as praias dos municípios de Paraty, Angra dos Reis, Niterói, Araruama, Arraial do Cabo, Cabo Frio, Búzios, Rio das Ostras e Macaé. Não demasiadamente distantes das praias, ficam as estâncias de altitude da serra do Mar (Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo) e do maciço de Itatiaia (Penedo, Itatiaia, Visconde de Mauá).[210]
Esportes

O futebol é o esporte mais popular no estado do Rio de Janeiro, seguido por vôlei, tênis, handebol, basquete, atletismo, natação e artes marciais. O futebol foi introduzido na região início do século XX, tendo como principais equipes o Flamengo, o Vasco da Gama, o Botafogo e o Fluminense, além de outros menores.[244] O Campeonato Carioca, realizado anualmente desde 1906, é o principal evento de futebol no estado, organizado pela Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro, contando com a participação de doze equipes na primeira divisão.[245][246] Os estádios do Maracanã, Nilton Santos, São Januário, Raulino de Oliveira, Ítalo del Cima, Moacyrzão, Giulite Coutinho, Caio Martins, Rua Bariri e Antonio Gomes Viana são os maiores do Rio de Janeiro.[247]
A unidade federativa foi sede de importantes eventos poliesportivos mundiais como a Copa do Mundo FIFA de 2014 e os Jogos Olímpicos de Verão de 2016, para os quais o Maracanã e outras arenas passaram por amplas reformas, e novas praças esportivas foram construídas.[248][249] No entanto, os respectivos torneios foram mal gerenciados devido à demora na conclusão das obras de infraestrutura e outros serviços úteis à população participante.[248][250][251]
Dentre as principais personalidades do esporte fluminense estão: no futebol, Renato Gaúcho, Romário, Edmundo, Fred, Adriano, Joel Santana, Júnior, Heleno de Freitas, Afonsinho e Garrincha;[252] no tênis, Thomaz Koch,[253] Christian Lindell,[254] Fabiano de Paula,[255] Joana Cortez,[256] Ricardo Acyoly[257] e Ronald Barnes;[258] no handebol, Bruno Souza,[259] Collin Turnbull,[260] Diogo Hubner[261] e Chicória;[262] no jiu-jitsu, Carlson Gracie, o primogênito da família a nascer no estado;[263] no MMA, Marcelo Zulu;[264] na natação, Mariana Brochado,[265] Monique Ferreira,[266] Piedade Coutinho,[267] João Havelange,[268] Edith Groba,[269] Gabriel Mangabeira,[270] Jhennifer Conceição[271] e Luiz Lima;[272] no atletismo, Andressa Mendes[273] e Ingrid de Oliveira;[274] no voleibol, Adriana Samuel,[275] Bebeto de Freitas,[276] Bernardinho,[277] e Juliana Valongo de Castro.[278]
Feriados
No Rio de Janeiro, há três feriados estaduais: a terça-feira de Carnaval, em fevereiro ou março; 23 de abril, festa litúrgica de São Jorge; e 20 de novembro, dia da Consciência Negra.[279][280][281][nota 3] Além desses feriados, a terceira segunda-feira de outubro, Dia do Comércio, constitui feriado para os comerciários (Lei estadual n.º 160/1977) e construtores civis (Lei estadual n.º 4.742/2006).[282] O Rio de Janeiro não tem data magna.[283] A legislação relacionada com as datas comemorativas, feriados estaduais e pontos facultativos do estado está consolidada pela lei 5.645/2010.[284]
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Ver também
Notas
- O nome oficial do prédio do poder legislativo é uma homenagem ao arquiteto e urbanista brasileiro natural da França, Lúcio Costa, falecido no Rio de Janeiro em 13 de junho de 1998.
- Atualmente se encontra em tramitação, no Supremo Tribunal Federal, a Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 4131, questionando a legalidade dessa lei.
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Ligações externas
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